Iêmen: "os rebeldes não respeitaram as tréguas anteriores e temos ordens de responder", afirmou um militar leal ao governo (Khaled Abdullah/Reuters)
AFP
Publicado em 20 de outubro de 2016 às 16h13.
Combates e bombardeios ofuscaram a entrada em vigor de uma trégua de 72 horas no Iêmen, que os oponentes afirmam querer respeitar, mas no direito de responder, se preciso.
Ao menos onze pessoas morreram, segundo várias fontes, em confrontos entre as forças leais ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, apoiado pela Arábia Saudita, e os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã, arqui-inimigo regional dos sauditas.
Um porta-voz das forças leais ao presidente iemenita, citado pela agência Saba, informou que 69 violações de cessar-fogo foram registradas em Taiz, uma grande cidade do sudoeste, e outras nove me Nahm, nordeste da capital Sana.
No Mar Vermelho, três combatentes pró-governamentais morreram perto de Midi, uma cidade portuária da província de Hajja, na fronteira com a Arábia Saudita.
"Os rebeldes não respeitaram as tréguas anteriores e temos ordens de responder", afirmou um militar leal ao governo.
Em Sana, o porta-voz militar dos rebeldes, o general Sharaf Lokman, afirmou, no entanto, que "respeitam o cessar-fogo desde que o inimigo o respeite em sua totalidade".
"Mantenham o dedo no gatilho", ordenou a seus homens.
Um cessar-fogo de 72 horas, promovido pelas Nações Unidas, entrou em vigor às 23H59 local (18H59 Brasília) de quarta-feira no Iêmen, um país devastado pela guerra há mais de 18 meses.
A trégua, que pode ser prorrogada, foi anunciada na segunda-feira pelo enviado da ONU Ismail Uld Sheikh Ahmed e é a sexta tentativa para acabar com o conflito entre os rebeldes xiitas huthis e as forças governamentais.
Anunciada na segunda-feira pela ONU, esta frágil trégua começa em um momento de estagnação do conflito, que deixou 6.900 mortos, 35.000 feridos, três milhões de deslocados e devastou a economia do país, considerado o mais pobre da península arábica, inclusive antes do início da guerra.
Desde março de 2015, o governo iemenita, reconhecido pela comunidade internacional e apoiado pela coalizão militar árabe sob comando saudita, enfrenta rebeldes xiitas huthis, acusados de vínculos com o Irã, que controlam a capital Sanaa e amplas regiões do norte, oeste e centro do país.
A sexta tentativa de cessar-fogo, mediada pela ONU, acontece após um grande erro dos aviões da coalizão liderada por Riad, que matou 140 pessoas e deixou 525 feridos em 8 de outubro em Sanaa.
O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu o respeito ao cessar-fogo, assim como sua renovação incondicional.
"Pedimos a todas as partes que tomem as medidas necessárias para a implementação desta trégua, pedimos que façam com que ela dure e encorajamos fortemente sua renovação incondicional", declarou.