Donetsk - Donetsk e Lugansk, dois redutos separatistas pró-russos do leste ucraniano, viviam intensos combates nesta quinta-feira, que provocaram a morte de dezenas de pessoas, enquanto a Ucrânia enviou seu próprio comboio humanitário às vítimas do conflito, em resposta à polêmica ajuda russa.
Em Donetsk, intensos ataques com armas pesadas eram ouvidos nesta quinta-feira em vários pontos do centro da cidade, incluindo uma universidade e a sede do Ministério Público, ocupada por separatistas pró-Rússia.
A violência fez ao menos dois mortos.
O bairro estava tomado por rebeldes armados que indicaram que dois obus atingiram a sede da polícia, também ocupada pelos insurgentes. Fortes explosões eram ouvidas a intervalos regulares na cidade.
Na região de Donetsk, onde o exército ucraniano realiza sua ofensiva apertando o cerco à cidade, 74 civis morreram em três dias, segundo a administração regional.
Em Lugansk, cercado pelo exército ucraniano e que sofre com uma situação humanitária "crítica", 22 civis morreram após um obus atingir um ônibus, um mercado e várias habitações.
"Nas últimas 24 horas, segundo informações provisórias, morreram 22 habitantes de Lugansk. Os bairros orientais da cidade foram atacados com morteiros. Um ônibus, uma loja e vários edifícios residenciais foram atingidos", afirmou um representante da administração regional.
Já o exército ucraniano anunciou ter perdido 9 de seus soldados na ofensiva em Lugansk, enquanto o líder separatista da cidade, Valéri Bolotov, informou à televisão russa que deixaria suas funções provisoriamente em razão "de seus ferimentos".
As autoridades locais afirmam que Lugansk está em situação "crítica", sem energia elétrica ou água corrente há 12 dias, com as linhas telefônicas cortadas e os estoques de comida e medicamentos perto do fim.
Uma "armadilha" para a Ucrânia
As autoridades ucranianas anunciaram nesta quinta-feira o envio do próprio comboio humanitário, com 75 caminhões transportando 800 toneladas de produtos de primeira necessidade, aos civis de Donetsk e Lugansk.
Este anúncio soa como uma resposta ao comboio humanitário russo enviado por Moscou na terça-feira sob o mesmo pretexto à fronteira ucraniana e que é alvo de uma disputa entre os dois países sobre as modalidades de sua entrada na Ucrânia.
Assim como vários países ocidentais, a Ucrânia suspeita que o comboio, que partiu na terça-feira de uma base militar próxima de Moscou, poderia ser uma espécie de "cavalo de Troia" para uma eventual intervenção russa no leste do país.
Após anunciar inicialmente que impediria a entrada do comboio russo, Kiev finalmente propôs na quarta-feira que esta ajuda seja conduzida e distribuída pela Cruz Vermelha no reduto rebelde de Lugansk.
"Se a Ucrânia decidir bloquear a entrada desta ajuda, cairá em uma armadilha, e o resultado será o início de um grande conflito (com a Rússia). Então essa ajuda entrará em território ucraniano de maneira completamente diferente: com as supostas forças de manutenção da paz e uma escolta armada russa", justificou o vice-chefe da administração presidencial da Ucrânia, Valeri Tchaly.
Rússia não deve "se desconectar"
O comboio russo, com mais de 1.800 toneladas de alimentos, medicamentos e geradores, chegou nesta quinta-feira à região de fronteira de Rostov (sul da Rússia), segundo um funcionário do ministério russo das Situações de Emergência.
Neste contexto de crise, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira que a Rússia "não deve se desconectar do resto do mundo", num momento em que as relações com o Ocidente estão tensas devido à crise com a Ucrânia.
"Temos que desenvolver nosso país tranquilamente, dignamente e de maneira eficaz, sem nos desconectarmos do resto do mundo, sem romper os vínculos com nossos sócios", declarou em Yalta, na Crimeia, península ucraniana anexada em março pela Rússia.
O número de vítimas no leste da Ucrânia dobrou em quinze dias, chegando a 2.086 mortos, segundo a ONU.
*Atualizada às 14h46 do dia 14/08/2014
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1. Velas e armas
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1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
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2. Pelo chão
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2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
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3. Memória saqueada
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3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
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4. Sem destino
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4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
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5. Caixa-preta
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5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
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6. Represália Europeia
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6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
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7. Maioria holandesa
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7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
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8. Domingo de homenagem
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8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
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9. Em busca da cura
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9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
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10. EUA diz que sabe
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Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
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11. Artigo editado
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11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
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12. Duas tragédias no ano
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12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
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13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
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13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)