Desmatamento na Amazônia: governo iniciou monitoração em tempo real (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 17h37.
San José, Costa Rica - O projeto de luta contra o desmatamento que o Brasil implementou nos últimos oito anos pode servir de modelo para o resto da América Latina, afirmou nesta quinta-feira o engenheiro florestal Tasso Azevedo.
Azevedo, que foi diretor do Programa Nacional de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, falou nesta quinta-feira na Costa Rica, no marco da conferência internacional TEDx, sobre a bem-sucedida experiência brasileira quanto à redução do desmatamento na Amazônia e seu impacto na fixação de carbono.
De acordo com Azevedo, entre 2004 e 2010, o Brasil reduziu o desmatamento na floresta de 27 mil para 6,4 mil quilômetros quadrados.
Segundo o especialista, o sucesso deste programa se deve ao fato de ter atacado o problema de diferentes frentes.
"O mogno se tornou o símbolo do desmatamento no Brasil. O desafio era quebrar o negócio dos que decepavam ilegalmente a floresta, portanto, em vez de enviar muitas vezes a Polícia, esperamos que houvesse uma boa quantidade de madeira e fomos com a imprensa", ressaltou o engenheiro.
"Chegamos a ter 30 mil metros cúbicos de madeira, mas em vez de leiloá-los, como normalmente era feito (...), decidimos doá-los a uma ONG para sua exportação, e os lucros foram destinados a um fundo especial para o desenvolvimento das comunidades afetadas pelo desmatamento", acrescentou.
Segundo ele, os leilões permitiam que os que cortassem a madeira a recomprassem legalmente nesses eventos.
Ao mesmo tempo, o Governo brasileiro iniciou uma monitoração em tempo real das selvas amazônicas, o que permitiu, entre 2005 e 2010, a detenção de 700 pessoas.
Azevedo afirmou que, além disso, se aumentou em 500 mil quilômetros quadrados o território brasileiro protegido e que são promovidas ações para responsabilizar pelo desmatamento não só os que decepavam as árvores, mas todos os envolvidos no negócio, como bancos, comerciantes e transportadoras.
Outra preocupação era a quantidade de carbono que não estava sendo fixado devido à redução das florestas: os 27 mil quilômetros quadrados desflorestados em 2004 representaram um trilhão de toneladas de carbono que chegaram à atmosfera, segundo o especialista.
O Brasil decidiu então lançar um fundo de carbono, mas com um esquema diferente do que tradicionalmente se seguia no mundo, pois não se tratou de uma compra de bônus.
"Não demos crédito", ou seja, os doadores que, como a Noruega, se comprometeram a fornecer US$ 1 trilhão em sete anos não pagaram para compensar uma quantidade específica de suas emissões, mas simplesmente pelo serviço que a Amazônia presta ao planeta.
Para Azevedo, o caminho empreendido pelo Brasil é apenas o início das muitas ações necessárias a nível global, mas ele assegurou que, embora a tendência de emissões atualmente seja alarmante (52 mil toneladas ao ano), ainda é possível revertê-la.
"No Brasil, 60% dos gases de efeito estufa são produzidos pelo desmatamento" e, por isso, se decidiu atacar este problema de forma prioritária.
"O desafio é grande, mas não impossível", concluiu.