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Com vitória em Mosul, Iraque prioriza estabilidade e reconstrução

O premier iraquiano destacou uma vitória "sobre a brutalidade e o terrorismo" do EI após quase nove meses de devastadores combates em Mosul

Mosul: "É provável que milhares de pessoas continuem deslocadas por vários meses", disse o Acnur (Thaier Al-Sudani/Reuters)

Mosul: "É provável que milhares de pessoas continuem deslocadas por vários meses", disse o Acnur (Thaier Al-Sudani/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de julho de 2017 às 17h06.

O primeiro-ministro iraquiano, Haider Al-Abadi, declarou nesta segunda-feira (10) que, após a vitória em Mosul contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), a prioridade para o governo é a "estabilidade e a reconstrução".

Durante um discurso em Mosul, segunda maior cidade do país que as forças iraquianas recuperaram após quase nove meses de devastadores combates, Abadi destacou uma vitória "sobre a brutalidade e o terrorismo" do EI.

O primeiro-ministro apontou que, a partir de agora, as prioridades do governo serão a "estabilidade e a reconstrução" do país.

Para Abadi, a derrota do grupo extremista islâmico, que havia assumido o controle de Mosul em junho de 2014, marca o "afundamento" do seu Estado fictício.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também elogiou a reconquista nesta segunda-feira.

"A vitória em Mosul demonstra que os dias (do EI) no Iraque e Síria estão contados", disse Trump em comunicado, em que saudou al-Abadi.

Contudo, o tenente-geral Stephen Townsend, comandante da coalizão anti-extremista liderada pelos Estados Unidos, alertou que "ainda resta uma dura luta à frente".

Apesar de ter reconhecido que a vitória é "um golpe decisivo" nos rebeldes, Townsend alertou que ela "não elimina" o EI, segundo um comunicado divulgado pela coalizão.

No domingo, Haider Al-Abadi chegou a proclamar oficialmente a libertação total desse ex-reduto do grupo Estado Islâmico (EI).

Mas os confrontos prosseguiam nesta segunda-feira em uma reduzida área de cerca de 200 metros onde os últimos extremistas se entrincheiraram na Cidade Antiga, segundo o general Sami al-Aridhi, um dos comandantes das forças de elite de contra-terrorismo (CTS).

"Eles não aceitaram a rendição. Gritam 'não vamos nos render, queremos morrer", acrescentou.

Mas "as operações estão em sua fase final e é provável que os combates terminem hoje", apontou.

O general Aridhi indicou que suas tropas foram informadas da presença de entre 3.000 e 4.000 civis neste bolsão extremista, mas este número não foi confirmado por fonte independente.

No domingo, o primeiro-ministro Abadi considerou a vitória como um fato "certo" e encarregou sua forças de limpar as cidades das minas e explosivos.

Em Bagdá, na praça Tahrir, os moradores comemoraram durante toda a madrugada a reconquista da segunda maior cidade do país pelas forças iraquianas, apoiadas em sua ofensiva de quase nove meses pela coalizão internacional liderada por Washington.

Destruição colossal

A reconquista de Mosul, cidade transformada pelo EI em seu principal reduto no Iraque, é a mais importante vitória das forças iraquianas desde que o grupo extremista sunita se apoderou em 2014 de vastos territórios no país e na vizinha Síria.

Apesar da vitória importante, a retomada de Mosul não marcará o fim da guerra contra o EI, que ainda controla várias zonas no Iraque, incluindo as cidades de Tal Afar (50 km a oeste de Mosul) e Hawija (cerca de 300 km ao norte de Bagdá) e zonas desérticas da província de Al-Anbar (oeste), bem como a região de Al-Qaïm, na fronteira com a Síria.

O grupo extremista ainda controla igualmente territórios no leste e no centro da Síria, apesar de ter perdido terreno desde 2015, e seu reduto de Raqa (norte) é cercado pelas forças apoiadas pelos Estados Unidos.

Desde outubro, forças iraquianas tentam retomar Mosul. Em janeiro, eles recuperaram o controle da zona leste da cidade e, em fevereiro, lançaram o ataque na zona oeste. Os combates se intensificaram à medida que o cerco se fechava sobre os extremistas na Cidade Antiga, área de ruas estreitas e densamente povoada.

Apoiada por uma campanha de bombardeios aéreos da coalizão, a ofensiva iraquiana reduziu grande parte da cidade a escombros.

A campanha militar provocou uma severa crise humanitária, marcada pela fuga de quase meio milhão de civis, segundo as Nações Unidas, dos quais 700.000 continuam deslocados.

Os civis encurralados na cidade viveram ao longo dos últimos meses em condições "terríveis", sofrendo com a falta de alimentos e água, os bombardeios e intensos combates, além de serem usados como "escudos humanos" pelos extremistas.

As imagens da cidade mostram a destruição colossal na cidade. Muitos edifícios foram reduzidos a pó e as ruas estão cheias de crateras.

"Mais nenhuma casa"

"É provável que milhares de pessoas continuem deslocadas por vários meses", alertou nesta segunda-feira o Alto Comissariado para os Refugiados (Acnur) em um comunicado.

"Muitos não têm mais casa e os serviços essenciais, como fornecimento de água e de eletricidade, bem como as infraestruturas como escolas e hospitais, precisam ser reconstruídos ou reparados", explicou o organismo da ONU.

Vinte e oito organizações humanitárias que atuam no Iraque, entre elas a Oxfam e a Save the children, publicaram um comunicado pedindo às autoridades que não forcem os deslocados a retornarem às suas casas e à comunidade internacional que apoie a reconstrução.

Mosul é carregada de simbolismo para o grupo, já que foi lá que seu líder, Abu Bakr al-Bagdadi, fez sua única aparição pública, em um vídeo publicado em julho de 2014.

Vários países que integram a coalizão internacional, incluindo França e Estados Unidos, parabenizaram Bagdá pela vitória na guerra contra o EI, que valida a estratégia americana: atacar o inimigo por meio de tropas amigas.

O Irã, que apoia algumas milícias xiitas iraquianas no combate ao EI, felicitou o Iraque pela vitória e ofereceu sua ajuda para a reconstrução das cidades recuperadas, como Mosul, Tikrit, Ramadi e Fallujah.

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