Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Eric Thayer/Reuters)
AFP
Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 10h13.
A ONG Transparência Internacional (TI) denuncia em seu relatório anual os ataques ao sistema de freios e contrapesos nos Estados Unidos pelo presidente americano, Donald Trump.
Os Estados Unidos, com 71 pontos em um total de 100 (queda de quatro pontos), saem, pela primeira vez desde 2011, da lista de 20 primeiros países com menor percepção de corrupção, afirma o relatório anual da organização, com sede em Berlim.
A ONG classifica a cada ano 180 países em função do nível de percepção de corrupção no setor público.
A lista é liderada, como nos anos anteriores, pela Dinamarca, com a Nova Zelândia na segunda posição. A Somália ocupa o último lugar no ranking, atrás de Iêmen, Sudão do Sul e Síria.
A "fraca pontuação" dos Estados Unidos "acontece no momento em que o país enfrenta ameaças a seus sistema de freios e contrapesos, assim como uma erosão das normas éticas nos níveis mais elevados de poder"", afirma a TI.
O segundo ano do mandato de Trump foi muito turbulento, com revelações sobre os supostos laços entre sua equipe de campanha e a Rússia ou seu polêmico apoio a um candidato à Suprema Corte acusado de agressão sexual, passando por suspeitas de nepotismo.
"A presidência Trump jogou luz sobre as rachaduras no sistema americano para garantir um governo que é responsável ante o interesse público", disse à AFP Zoe Reiterrepresentante interina da TI nos Estados Unidos.
"Mas o presidente Trump é um sintoma, mais que uma causa; os problemas existiam antes de ele assumir o cargo", completou, antes de citar a incapacidade do sistema americano para evitar conflitos de interesses.
A Transparência Internacional também critica Turquia e Hungria, que caíram na classificação, ao mencionar "a deterioração do Estado de direito e das instituições democráticas, assim como a redução rápida do espaço da sociedade civil e da mídia independente".
"Com muitas instituições democráticas sob ameaça em todo o mundo, com frequência por dirigentes com tendências autoritárias ou populistas, devemos fazer mais para reforçar os freios e contrapesos e para proteger os direitos dos cidadãos", afirma Patricia Moreira, diretora geral da TI.
Entre suas recomendações, a ONG pede aos governos que defendam a liberdade de imprensa e apoiem organizações da sociedade civil que trabalham para controlar os gastos públicos.