Marcha pelo clima: parceria dos dois maiores emissores de gases do efeito estufa levou ao apoio de mais de 200 países a assinar o acordo (Reuters/Reuters)
Reuters
Publicado em 11 de novembro de 2016 às 10h00.
Última atualização em 11 de novembro de 2016 às 16h01.
Washington / Pequim - A eleição como presidente dos Estados Unidos de Donald Trump, que não acredita em mudanças climáticas, deve acabar com a liderança norte-americana na luta internacional contra o aquecimento global e pode levar ao surgimento de um novo e improvável líder: a China.
A China trabalhou de perto com a administração do presidente Barack Obama para ganhar impulso antes do Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas.
A parceria dos dois maiores emissores de gases causadores do efeito estufa fez com que quase 200 países apoiassem o pacto no histórico encontro na capital francesa.
Em contraste, Trump chamou o aquecimento global de farsa criada pela China para ganhar vantagem econômica e disse que planeja retirar os Estados Unidos do histórico acordo climático, assim como reverter diversas medidas de Obama para combate das alterações climáticas.
Ele nomeou o conhecido cético sobre mudanças climáticas Myron Ebell para ajudar a liderar o plano de transição para a Agência de Proteção Ambiental, que criou as maiores regulamentações ambientais da administração, como o Plano de Energia Limpa e padrões de eficiência para carros e caminhões.
Pequim está pronta para lucrar com a boa vontade que pode receber ao assumir a liderança lidando com o que para muitos governos é uma das principais questões nas agendas.
"Assumir ações proativamente contra as mudanças climáticas vai melhorar a imagem internacional da China e permitir que o país ocupe patamares morais mais altos", disse o vice-diretor do Centro Nacional de Estratégia para Mudanças Climáticas e negociador sênior chinês sobre mudanças climáticas, Zou Ji, à Reuters.
Zou disse que caso Trump abandone os esforços de implementação do acordo de Paris, "a influência e voz da China devem aumentar na governança global sobre o clima, o que então irá se espalhar para outras áreas da governança global e aumentar a presença, poder e liderança global da China".
O Acordo de Paris busca eliminar gradualmente as emissões de gases causadores do efeito de estufa até a segunda metade do século e limitar o aquecimento global para "bem abaixo" de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Cada país precisa implementar planos nacionais para reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa.