O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, é considerado o mais forte candidato da América Latina (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2013 às 16h14.
Com o anúncio surpreendente do papa Bento 16 de que vai renunciar no final deste mês, pode estar chegando o momento de a Igreja Católica Romana eleger seu primeiro líder de fora da Europa, e poderia ser um latino-americano.
A região já representa 42 por cento da população católica mundial de 1,2 bilhão, o maior bloco único na Igreja, em comparação com 25 por cento na Europa.
Depois dos papas João Paulo e Bento, um polonês e um alemão, o posto no passado reservado para italianos está agora aberto a todos.
Dois altos funcionários do Vaticano recentemente deram sugestões claras sobre possíveis sucessores, indicando que o próximo papa poderia muito bem ser da América Latina.
"Eu conheço muitos bispos e cardeais da América Latina que poderiam assumir a responsabilidade pela Igreja universal", afirmou o arcebispo Gerhard Mueller, chefe da Congregação para a Doutrina da Fé.
O cardeal suíço Kurt Koch, chefe do departamento do Vaticano para a unidade dos cristãos, disse ao jornal Tagesanzeiger, em Zurique, que o futuro da Igreja não estava na Europa.
"Seria bom se houvesse candidatos da África ou América do Sul no próximo conclave", declarou ele, referindo-se à eleição a portas fechadas na Capela Sistina, no Vaticano.
Se realmente for a vez da América Latina, os principais candidatos parecem ser Dom Odilo Scherer, arcebispo da diocese de São Paulo, ou o ítalo-argentino Leonardo Sandri, agora à frente do departamento do Vaticano para as Igrejas Orientais.
FAVORITOS NESTE MOMENTO Embora não haja candidatos oficiais, segue uma lista de "papáveis" (potenciais papas) mencionados com mais frequência recentemente. A lista está em ordem alfabética e poderá mudar entre agora e quando o conclave for realizado, provavelmente em março.
- João Braz de Aviz, (Brasil, 65) trouxe ar fresco para o departamento do Vaticano para congregações religiosas quando ele assumiu em 2011. Ele apoia a preferência para os pobres na teologia da libertação da América Latina, mas não os excessos de seus defensores.
- Timothy Dolan, (EUA, 62) tornou-se a voz do catolicismo dos EUA depois de ser nomeado arcebispo de Nova York, em 2009. Seu humor e dinamismo impressionaram o Vaticano, onde as duas coisas estão em falta. Mas cardeais estão receosos de um "superpapa" e seu estilo pode ser norte-americano demais para alguns.
- Marc Ouellet, (Canadá, 68) é o chefe da Congregação para os Bispos. Ele disse uma vez que se tornar papa "seria um pesadelo". Apesar de bem relacionado, o secularismo generalizado de sua Quebec nativa poderia atrapalhá-lo.
- Gianfranco Ravasi, (Itália, 70) é ministro da Cultura do Vaticano desde 2007 e representa a Igreja para o mundo da arte, ciência, cultura e até mesmo para ateus. Este perfil poderia prejudicá-lo se os cardeais decidirem que precisam de um pastor experiente em vez de outro professor como papa.
- Leonardo Sandri, (Argentina, 69) nasceu em Buenos Aires de pais italianos. Ele deteve o terceiro posto mais alto do Vaticano como chefe de gabinete em 2000-2007, mas não tem experiência pastoral.
- Odilo Pedro Scherer, (Brasil, 63) é considerado o mais forte candidato da América Latina. Arcebispo de São Paulo, a maior diocese do maior país católico, ele é conservador em seu país, mas considerado moderado nos demais lugares. O rápido crescimento das igrejas protestantes no Brasil poderia pesar contra ele.
- Christoph Schoenborn, (Áustria, 67) é um ex-aluno de Bento com um toque pastoral que o pontífice não tem. O arcebispo de Viena foi classificado como "papável" desde a edição do catecismo da Igreja na década de 1990.
- Angelo Scola, (Itália, 71) é arcebispo de Milão, um trampolim para o papado, e muitos italianos apostam nele. Especialista em bioética, ele também conhece o Islã como chefe de uma fundação para promover a compreensão entre muçulmanos e cristãos. Sua densa oratória pode irritar cardeais que buscam um comunicador caristmático.
- Luis Tagle (Filipinas, 55) tem um carisma muitas vezes comparado com o do falecido papa João Paulo 2o. Ele também é próximo ao papa Bento depois de trabalhar com ele na Comissão Teológica Internacional. Embora tenha muitos fãs, ele só se tornou cardeal em 2012.
- Peter Turkson (Gana, 64) é o principal candidato africano. Chefe do escritório de justiça e paz do Vaticano, é o porta-voz da consciência social da Igreja e apoia a reforma financeira mundial.