Eleição: o clérigo Moqtada Sadr, cuja aliança venceu o pleito legislativo no país, olha para o primeiro-ministro Haider al Abadi, cujo partido ficou em 3º na votação; ambos fecharam uma aliança (Alaa al-Marjani/Reuters Brazil)
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2018 às 06h13.
Última atualização em 3 de julho de 2018 às 08h48.
O Iraque começa, nesta terça-feira, a recontagem manual de parte dos votos da eleição parlamentar realizada em maio, questionada por alegações de fraude pelo uso de urnas eletrônicas. A recontagem vem em um momento crítico para a política no país: o mandato do Parlamento atual expirou neste sábado, mas, até agora, líderes dos blocos vencedores na eleição não conseguiram formar um novo governo. O processo de revisão dos votos pode durar semanas. Até lá, o Iraque ficará em um vazio legislativo.
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Num resultado surpreendente, a aliança liderada pelo clérigo xiita Moqtada Sadr, opositor de longa data dos Estados Unidos e da influência do Irã no Iraque, venceu o pleito, em maio. Ele pediu aos seus apoiadores que respeitem a decisão da recontagem. Em segundo lugar, ficou o bloco liderado pelos candidatos de combatentes que lutaram contra o Estado Islâmico no país, mais próximos do Irã. O partido do atual primeiro-ministro, Haider al Abadi, que tinha o apoio da comunidade internacional, ficou em terceiro lugar.
Na semana passada, al Abadi formou uma aliança com o vencedor Sadr, logo depois de o clérigo ter fechado uma aliança parecida com o bloco que ficou em segundo, unido os três grupos vencedores. Mas o novo primeiro-ministro ainda não foi definido. Sadr não poderá ocupar o cargo, já que não era candidato no pleito. Ele apenas liderou uma aliança formada por candidatos comunistas, empresários sunitas e ativistas religiosos que conquistaram seguidores por sua forte posição contra a corrupção.
Segundo o porta-voz do painel de juízes que conduz a recontagem, o processo será realizado na presença de representantes da ONU, embaixadas estrangeiras, partidos políticos, membros da imprensa e representantes dos ministérios da Defesa e do Interior. Os votos tomados no Irã, Turquia, Inglaterra, Líbano, Alemanha e Estados Unidos também serão recontados. Apenas cédulas suspeitas, denunciadas em queixas formais ou em relatos oficiais de fraude, serão recontadas.
No início de junho, o parlamento passou uma lei determinando a recontagem manual de todos os votos, mas a corte de juízes determinou que apenas as cédulas problemáticas sejam revistas. Cerca de 11 milhões de cédulas serão recontadas, mas, segundo analistas, o processo deve mudar pouco os resultados da votação. Quando ele acabar, o parlamento iraquiano pode ganhar uma faceta mais anti-Estados Unidos, acelerando a perda de influência do país na região.