Mundo

Com proximidade da renúncia, Vatileaks surge com lobby gay

Artigos no jornal La Repubblica e na revista Panorama trouxeram o caso de volta às manchetes a poucos dias da renúncia de Bento XVI


	Bento XVI: segundo a imprensa, a renúncia pode estar ligada à decepção do papa após tomar conhecimento em outubro de um "lobby gay" no Vaticano
 (REUTERS/Tony Gentile)

Bento XVI: segundo a imprensa, a renúncia pode estar ligada à decepção do papa após tomar conhecimento em outubro de um "lobby gay" no Vaticano (REUTERS/Tony Gentile)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2013 às 11h22.

Cidade do Vaticano - A poucos dias da renúncia de Bento XVI, revelações, verdadeiras ou falsas, manipulações ou furos que marcaram em 2012 o escândalo dos vazamentos de documentos secretos, o "Vatileaks", voltaram com um "lobby gay" no Vaticano.

Enquanto o "Vatileaks" havia sido abafado em dezembro com a graça concedida pelo Papa a Paolo Gabriele, o ex-mordomo acusado de vazar documentos confidenciais, dois artigos no jornal La Repubblica e na revista Panorama trouxeram o caso de volta às manchetes.

De acordo com La Repubblica, a decisão de Bento XVI de renunciar ao trono de Pedro poderia ter sido reforçada pela profunda frustração após tomar conhecimento em outubro de um "lobby gay" no Vaticano revelado pela investigação secreta realizada por uma comissão de três cardeais aposentados.

Segundo o artigo sensacionalista intitulado "Sexo e carreira, as chantagens no Vaticano por trás da renúncia de Bento XVI", o cardeal espanhol da Opus Dei, Julian Herranz, que presidente a comissão, teria relatado antes de 9 de outubro ao Papa o dossiê "mais escabroso" sobre "uma rede transversal unida pela orientação sexual" e, "pela primeira vez, a palavra homossexualidade foi pronunciada" no apartamento papal.

De acordo com a Panorama, o "lobby gay" do Vaticano "é, de longe, o mais influente e ramificado entre todos os que existem dentro da Cúria Romana".


Segundo o La Repubblica, o relatório indica que alguns bispos sofreram "influência externa" (chantagem) de laicos com quem estabelecem laços de "natureza mundana."

O Vaticano apontou erros grosseiros neste artigo, afirmando que não deve ser levado a sério. Não haverá "negações, comentários ou confirmações" sobre "especulações, fantasias e opiniões" emitidas pela imprensa neste período, declarou o porta-voz, o padre Federico Lombardi.

De acordo com o vaticanista do jornal La Stampa, o Papa, antes de sua renúncia, receberá os três cardeais. O conteúdo do relatório secreto, preparado com base em entrevistas realizadas em todos os níveis da Santa Sé, poderá ser discutido na Congregação Geral, uma reunião que prepara o Conclave de Cardeais.

Estes três cardeais foram nomeados na última primavera (hemisfério norte) pelo Papa Bento XVI, após numerosos vazamentos de documentos confidenciais, mas o relatório deverá permanecer em segredo.

Segundo o padre Lombardi, a decisão histórica do Papa de renunciar ao seu cargo não foi resultado de qualquer "depressão" ou razões psicológicas, mas sim pelo enfraquecimento de suas forças.


Em outubro passado, dois dias após ter recebido o cardeal Herranz, o Papa, em um discurso de tom pessimista na abertura do Ano da Fé, havia mencionado em forma de metáfora "os peixes ruins" que são pescados da Igreja.

Segundo os vaticanistas, os documentos vazados no escândalo "Vatileaks" poderiam ser usados por um ou outro para desacreditar um rival na Cúria. Um fenômeno que pode ser repetido com a proximidade do Conclave, a fim de influenciar a escolha do novo Papa.

O diretor do canal católico TV2000, Dino Boffo, surpreendido pelos rumores em documentos do "Vatileaks" sobre relacionamentos homossexuais - que ele negou - pediu na quinta-feira à Santa Sé que se liberte do "vício infame das cartas anônimas, sem assinaturas e sem destinatários".

Ele desejou que "todos os fiéis contribuam para pôr fim a uma gestão de poder que pode ofender os mais humildes" dos católicos.

O tema da homossexualidade no Vaticano não é novo nos meios de comunicação italianos. Tem sido tema de romances e best-sellers quentes, às vezes, exagerados. É um fato conhecido dos vaticanistas que os religiosos e sacerdotes que trabalham no Vaticano têm relações homossexuais fora do pequeno Estado: uma rede de religiosos, padres e até bispos homossexuais pode existir, mantendo silêncio. Este grupo poderia ter sido sujeito a chantagem de jornalistas inescrupulosos que procuram no "Vatileaks" obter documentos secretos.

Acompanhe tudo sobre:Bento XVICatólicosGaysIgreja CatólicaLGBTPapasPreconceitos

Mais de Mundo

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história