Mundo

Com imbróglio na Otan, Biden recebe líderes de Finlândia e Suécia

Finlândia e Suécia pediram de forma inédita para entrar na organização militar da Otan, mas a Turquia é contra. Os EUA tentarão mediar o embate

Biden e o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö (foto de arquivo): desejo de adesão dos nórdicos à Otan (Pete Marovich-Pool/Getty Images)

Biden e o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö (foto de arquivo): desejo de adesão dos nórdicos à Otan (Pete Marovich-Pool/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2022 às 06h00.

Última atualização em 19 de maio de 2022 às 10h14.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia.

A novela sobre a adesão de Finlândia e Suécia à Otan tem mais um capítulo nesta quinta-feira, 19. O presidente americano, Joe Biden, recebe os líderes dos dois países na Casa Branca para uma reunião, enquanto Washington tenta solucionar o imbróglio da contrariedade da Turquia aos novos membros.

Esteja sempre informado sobre as notícias que movem o mercado. Assine a EXAME por menos de R$ 11/mês

Estão previstos na reunião na Casa Branca a premiê da Suécia, Magdalena Andersson, e o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö. Na pauta oficial, está a "segurança europeia" em meio à guerra na Ucrânia, que já dura quase três meses.

Os dois países, historicamente neutros, pediram oficialmente para ingressar na Otan na quarta-feira, 18.

Os EUA declararam apoio ao pedido dos nórdicos e têm feito acenos públicos de que pretendem facilitar a entrada na aliança, em um processo que pode levar ainda mais de um ano.

LEIA MAIS: Jovens, pobres e minorias: quem são os soldados russos mortos na Ucrânia

Mas há entraves antes que isso aconteça: além da própria Rússia, cujo governo já ameaçou nas últimas semanas retaliações no caso de adesão dos nórdicos, o principal embate no momento ocorre no coração da própria Otan, com a oposição da Turquia.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, confirmou nesta semana que pretende barrar a entrada de finlandeses e suecos. O ingresso dos membros precisaria de unanimidade entre os 30 países da Otan.

Nos bastidores, a diplomacia dos EUA tenta costurar um acordo com o governo turco. Nesta quarta-feira, após o pedido oficial de ingresso dos países, o presidente Joe Biden também se pronunciou, sem citar diretamente a Turquia, mas chamando a adesão de "histórica".

LEIA MAIS: EUA teme teste nuclear da Coreia do Norte durante visita de Biden à Ásia

“Saúdo calorosamente e apoio fortemente os pedidos históricos da Finlândia e da Suécia para adesão à Otan e espero trabalhar com o Congresso dos EUA e nossos aliados da Otan para trazer rapidamente a Finlândia e a Suécia para a aliança defensiva mais forte da história”, disse Biden em um comunicado.

Além das costuras sobre a Otan, Biden embarca nos próximos dias a uma viagem pela Ásia, região que se tornou centro das atenções americanas em meio às disputas com a China.

Por que a Turquia rejeita Suécia e Finlândia

O motivo oficial da oposição turca aos possíveis novos membros da Otan é sobretudo um embate com relação à causa curda.

Ancara critica Suécia e Finlândia por não aprovarem seus pedidos de extradição de pessoas que acusa de serem membros de "organizações terroristas" curdas, notadamente o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Há um imbróglio histórico entre os turcos e o movimento por independência curdo, que inclui parte do território da Turquia.

LEIA MAIS: Ex-KGB, czar e popular: quem é Putin e qual é seu interesse na Ucrânia

Sanções dos países para exportações de armas para a Turquia também estão na lista de problemas, na visão dos turcos. A Suécia, por exemplo, suspendeu em 2019 a venda de armas à Turquia pela operação militar turca na vizinha Síria.

Analistas acreditam ainda que a Turquia busque vantagens em troca de sua autorização, como, por exemplo, o levantamento da recusa dos Estados Unidos em vender-lhes caças F-35, segundo reportou a AFP.

Na outra ponta, o grande divisor de águas para a decisão de Suécia e Finlândia de entrar na Otan começou sobretudo após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro. A leitura entre os políticos locais foi de que o novo momento de segurança da Europa deixava os nórdicos, historicamente neutros, mais expostos.

A oposição ao ingresso na aliança militar, que existia antes nestes países, também diminuiu, e a entrada na Otan foi aprovada nos parlamentos com ampla maioria. 

A Otan é uma aliança militar formada no período da Guerra Fria, formada por EUA, países da Europa Ocidental e outras potências, mas que vem se expandido nas últimas décadas para incluir países da antiga órbita da União Soviética. Pelo acordo da aliança, se um país-membro for atacado, todos têm de defendê-lo. A Ucrânia pleiteava um ingresso na Otan, o que não aconteceu e gerou parte das desavenças com a Rússia.

(Com informações da AFP)

Acompanhe tudo sobre:Exame HojeFinlândiaJoe BidenSuéciaTurquiaUcrânia

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru