O pré-candidato republicano à Casa Branca Donald Trump: se a corrida presidencial fosse disputada apenas nas redes sociais, o bilionário seria, por enquanto, o vencedor (Dominick Reuter/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2016 às 19h54.
Washington - Entre os aspirantes à Casa Branca nas eleições deste ano, o republicano Donald Trump vai ganhando a batalha do mundo virtual por lidar melhor com o "senso de humor" e "a controvérsia", que inclusive o levam à categoria de "troll das redes sociais".
Se a corrida presidencial fosse disputada apenas nas redes sociais, o bilionário seria, por enquanto, o vencedor, segundo especialistas em redes sociais e campanhas políticas que se reuniram nesta quarta-feira no Centro de Imprensa Estrangeira em Washington.
O tom provocador de Trump, segundo eles, o eleva à categoria de "troll" - que, no jargão da internet, é um agitador que entra em debates para enfurecer os demais participantes com opiniões exageradas ou extremistas.
"Trump não seria tão poderoso como é hoje sem a amplificação das redes sociais", opinou Mindy Finn, que trabalhou na campanha do ex-presidente George W. Bush e do também republicano Mitt Romney quando foi candidato à presidência em 2012.
"O que Trump aprendeu é: primeiro se entra no Twitter, semeia a controvérsia e deixa que a imprensa fale de você nas próximas 24 horas enquanto pode fazer outras coisas", explicou a especialista.
Por esses méritos, Finn deu a Trump a alcunha de "mestre das redes sociais" entre os 15 pré-candidatos que seguem na disputa pela indicaçºao de seus partidos (três democratas e 12 republicanos).
Mas Joe Rospars, chefe de estratégias digitais de Obama nas campanhas de 2008 e 2012, foi um passo além e identificou Trump como um autêntico "troll" das redes sociais.
Com o título "Fazendo barulho ou falando em diferentes volumes: Como os candidatos à presidência dos Estados Unidos estão utilizando os redes sociais", os especialistas debulharam as estratégias de cada um dos aspirantes.
O senso de humor é importante, segundo os especialistas, pelo enfoque de "entretenimento" das redes sociais, que tornam a política "menos chata" para o público desencantado.
Segundo Finn, a descontração das redes sociais pode salvar os políticos dos "deslizes", já que, ao "humanizar" um candidato, "somos mais propensos a perdoar ou passar por cima" de seus defeitos.
Assim, os seguidores de Trump no Twitter podem aceitar suas opiniões contra os imigrantes, apesar de que não as assinarem embaixo, com a premissa de que o magnata está sendo "espontâneo".
Candidatos como o governador da Flórida Jeb Bush pagam caro por seus deslizes por não cultivarem o "lado humano", mas em troca, com tweets comprometidos sobre o Iraque ou sobre a igualdade das mulheres, conseguem maior envolvimento de seus seguidores.
Para Rospars, tanto Trump como Bush são "supercalculistas, só que com matemática diferentes": enquanto o primeiro procura ser "o candidato humano", o segundo se apresenta como "o candidato sólido e confiável".
A maior dúvida sobre uma campanha de espectro tão amplo como a de Trump é ela "mobilizará na hora de votar", indicador que medirá a "eficiência" de sua campanha, afirmou Rospars.
Em relação aos outros candidatos, Finn avaliou positivamente o "esforço de aprendizagem" do senador republicano pelo Texas Ted Cruz com o lançamento de um aplicativo que funciona como um jogo e fala sobre sua candidatura e estimula doações.
No lado democrata, o mais talentoso em redes sociais, segundo os especialistas, é o senador por Vermont Bernie Sanders, que manteve um perfil aguerrido e cujo impacto "não deixa de surpreender". Sobre a favorita, Hillary Clinton, eles se limitaram a classificar sua estratégia em redes sociais como boa.