Manifestações: milhares de pessoas mostraram apoio ao presidente Mauricio Macri neste sábado (Joaquin Salguero/Reuters)
AFP
Publicado em 30 de setembro de 2019 às 06h57.
Milhares de pessoas mostraram apoio ao presidente Mauricio Macri neste sábado (28), em Buenos Aires, e aumentaram a sua esperança de conseguir a reeleição em meio à crise econômica, a um mês da votação na Argentina.
"Sei que nestes anos, principalmente neste último ano e meio, foi muito difícil. Sei que vocês, a classe média, foram os que fizeram o maior esforço, mas eu os ouvi, eu os entendi", disse Macri, prometendo que, se vencer, "o que virá é o crescimento, o trabalho, a melhoria nos salários, o alívio no bolso no fim do mês".
Enfrentando uma recessão de mais de um ano e uma inflação indomável, o presidente liberal buscou encorajar os eleitores a reverter o golpe das primárias de 11 de agosto, quando o peronista Alberto Fernández o superou em 17 pontos e se posicionou como favorito para as eleições presidenciais de 27 de outubro.
"O jogo pode virar nesta eleição", proclamou Macri, 60, ao iniciar um giro por "30 cidades em 30 dias". Ele escolheu como primeira parada Barrancas de Belgrano, um charmoso bairro de classe média de Buenos Aires, seu reduto histórico.
"Viemos dar apoio ao presidente, para que ele possa ter uma segunda oportunidade. Três anos e meio não foram suficientes para cumprir tudo. Se ele tiver uma segunda chance, quem sabe as coisas não poderão melhorar muito?", comentou o ativista José Luis Fazio, 55.
"Temos que resolver se somos parte do problema ou da solução. Decidimos ser parte da solução", disse Macri à multidão.
O presidente diz que aspira a concluir as reformas e ajustar as contas públicas deixadas, segundo ele, uma bagunça por sua antecessora peronista Cristina Kirchner (2007-2015), agora na chapa de Fernández.
Dentro do partido no poder, cresce o medo de "um retorno ao passado" kirchnerista e se destacam os dezenas de casos de suposta corrupção que pesam sobre a ex-presidente, que ela atribui a uma perseguição político-judicial.
"Não quero voltar para trás, para o kirchnerismo, a corrupção", disse a leiloeira pública Mercedes Martínez, que chegou cedo da periferia norte.
A mil quilômetros de Buenos Aires, durante um ato em Salta, o opositor Alberto Fernández disse que terá a tarefa de "colocar o país de pé. Eles nos deixam uma terra arrasada. Sei que vou governar uma Argentina que foi governada por ladrões de colarinho branco."
Ao assumir em dezembro de 2015, Macri disse que uma inflação moderada seria "fácil de alcançar", prometeu "pobreza zero" e previu "uma chuva de investimento estrangeiro".
A inflação já somou 30% entre janeiro e agosto, após atingir 47,6% em 2018; os investimentos não chegaram apesar do apoio político dos Estados Unidos e das potências europeias. A pobreza afeta um em cada três argentinos e o desemprego atingiu seu ponto mais alto em 14 anos (10,6%).A moeda depreciou 68% desde janeiro de 2018.
Uma corrida cambiária em abril de 2018 levou Macri a procurar o Fundo Monetário Internacional, do qual obteve ajuda financeira de US$ 57 bilhões a 36 meses em troca de um rigoroso programa de ajuste fiscal.