Trump: ele estreia na ONU num momento de grande tensão internacional com Coreia do Norte, Irã e Venezuela
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2017 às 06h17.
Última atualização em 19 de setembro de 2017 às 07h28.
Michel Temer abre, nesta terça-feira, o debate anual da Assembleia Geral da ONU, dando seguimento a uma tradição que remonta a 1955, que delega a honra ao presidente brasileiro. Temer defenderá, como tem feito, que a recuperação econômica do Brasil está encaminhada.
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Mas o discurso mais esperado do dia é o seguinte: logo após dele, o presidente americano faz seu discurso, também mantendo a tradição do país sede do evento, que acontece em Nova York. Trump estreia na ONU num momento de grande tensão internacional com Coreia do Norte, Irã e Venezuela.
Foi considerado uma vitória o fato de Trump ter conseguido pressionar o Conselho de Segurança da ONU a impor sanções contra a Coreia do Norte, por seus testes com mísseis e ogivas nucleares.
De acordo com o jornal britânico The Telegraph, durante o discurso de Trump, diplomatas norte-coreanos terão assentos na primeira fila. Mensagens também devem ser direcionadas ao Irã, que acusa o presidente norte-americano de tentar acabar com o acordo nuclear.
Os frequentes ataques de Trump às Nações Unidas, em que questiona sua efetividade e sua importância para os Estados Unidos, já são conhecidos – e esperados.
Na segunda-feira, porém, o presidente americano foi menos duro do que costuma ser. Em um evento sobre reformar o modelo da ONU, que os Estados Unidos organizaram para se dirigir aos 193 países membros do bloco, ele afirmou apenas que “as Nações Unidas não atingiram todo seu potencial”, e sugeriu ajustes na organização.
Durante sua campanha, Trump chegou a afirmar que o órgão era fraco e incompetente. O tom mais ameno pode apontar para uma tentativa de não se isolar ainda mais, e garantir uma rede de apoio, especialmente em relação à Coreia do Norte, já que o próprio presidente afirmou que esse é um problema do mundo, não apenas dos Estados Unidos.
Porém, em seu discurso desta terça-feira, Trump deve confirmar sua defesa de “America first”, ideal que tem norteado suas políticas anti-imigração e antiglobalização. Num momento de relações diplomáticas delicadas com os americanos, as Nações Unidas têm tido trabalho redobrado na mediação.
O secretário-geral António Guterres já afirmou que vai aproveitar a assembleia para fazer reuniões individuais com todos os diretamente afetados pelas ameaças bélicas norte-coreanas. Após o debate, a união entre as nações talvez se torne um sonho ainda mais distante.
As divisões se farão presentes em outras frentes. Israel deve endossar as críticas aos iranianos. A França vai se esforçar para fazer valer sua condição de potência nuclear, em mais uma mostra da escalada militar.
O presidente russo, Vladimir Putin, não vai comparecer, e deve acompanhar de perto os treinos de seu exército com a Bielorrússia, na fronteira com países membros da OTAN.
O presidente da China, Xi Jinping, o líder com maior influência sobre a Coreia do Norte, também não vai comparecer à Assembleia. A chanceler alemã Angela Merkel, que comanda a principal economia europeia, também se absteve de participar.
Com tantas ausências, coube a Donald Trump o papel de protagonista. E, curiosamente, a esperança de uma voz apaziguadora na assembleia das Nações Unidas. Ou não tão unidas assim.