Civis, entre eles mulheres e crianças, em área de Mosul, no Iraque, no dia 26/10/2016 (Goran Tomasevic/Reuters)
Reuters
Publicado em 23 de novembro de 2016 às 13h20.
Dezenas de milhares de civis iraquianos fugiram de Tal Afar em meio à aproximação de grupos paramilitares xiitas da cidade dominada pelo Estado Islâmico e situada na estrada entre Mosul e Raqqa, as principais cidades do califado autodeclarado do grupo militante no Iraque e na Síria.
O êxodo de Tal Afar, que fica 60 quilômetros a oeste de Mosul, está preocupando organizações humanitárias, já que alguns dos civis em fuga estão mergulhando mais fundo em território dos insurgentes, onde não é possível lhes enviar ajuda, disseram autoridades provinciais.
Unidades da Mobilização Popular, uma coalizão de milícias treinadas e apoiadas principalmente pelo Irã, estão tentando cercar Tal Afar, cidade de maioria turcomena étnica, como parte da ofensiva para capturar Mosul, o último grande bastião urbano do Estado Islâmico no Iraque.
Cerca de 3 mil famílias partiram da localidade. Cerca de metade seguiu para o sudoeste, rumo à Síria, e metade em direção ao norte, rumo a território controlado por curdos, disse Nuraldin Qablan, representante de Tal Afar no conselho provincial de Nínive, hoje sediado na capital curda, Erbil.
"Pedimos às autoridades curdas que abram uma passagem segura para eles", disse Qablan à Reuters. Segundo ele, na noite de domingo o Estado Islâmico começou a permitir que as pessoas partissem depois de disparar morteiros contra posições da Mobilização Popular situadas no aeroporto, ao sul da cidade, e forças da coalizão reagiram.
A ofensiva começou em 17 de outubro com apoio terrestre e aéreo de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, e está se tornando a campanha mais complexa no Iraque desde a invasão encabeçada pelos EUA que derrubou Saddam Hussein em 2003 e fortaleceu a maioria xiita do país.
As pessoas em fuga de Tal Afar são da comunidade sunita, uma maioria na província de Nínive dentro e ao redor de Mosul. A cidade também teve uma comunidade xiita, que fugiu em 2014 quando o grupo extremista sunita varreu a região.
A Turquia teme que o rival regional Irã consiga ampliar seu poder, por meio de grupos que atuam em seu nome, sobre uma área próxima das fronteiras turca e síria, onde Ancara está apoiando rebeldes que se opõem ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que tem auxílio da Rússia e de Teerã.
Citando seus laços estreitos com a população turcomena de Tal Afar, a Turquia ameaçou intervir para evitar mortes por vingança caso a Mobilização Popular invada a cidade.