Montagem com o empresário Elon Musk e o ex-presidente Donald Trump (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 11 de outubro de 2024 às 17h14.
Com seu apoio declarado à campanha do republicano Donald Trump, o fundador da Tesla, Elon Musk, não somente aposta no retorno do ex-presidente à Casa Branca, mas também ressalta sua vocação para influenciar as decisões globais.
No início de outubro, o bilionário da tecnologia apareceu pela primeira vez em um evento político, subindo ao palco para se juntar a Trump. Ele também se tornou uma nova fonte dos "memes" que inundam as redes sociais, incluindo o X, de propriedade do próprio Musk.
Ao mesmo tempo, uma entrevista com o comentarista conservador Tucker Carlson chamou a atenção por suas piadas sobre tentativas de assassinato da candidata democrata Kamala Harris e sua preocupação com o futuro caso Trump perca em novembro. “Se ele perder, estou ferrado”, declarou Musk.
O empresário está apostando tudo no ex-mandatário, com contribuições de dezenas de milhões de dólares para sua campanha e até se colocando à disposição para assumir um cargo no governo se Trump for eleito.
Para muitos, a virada à direita de Musk não é casual. Alguns lembram que ele cresceu na África do Sul durante o Apartheid e acreditam que esse passado possa influenciar sua visão sobre questões demográficas e migratórias.
O fundador da Tesla afirma que os migrantes ameaçam a democracia americana, embora sem provas. "Nos anos 80, o pesadelo dos brancos sul-africanos era que um dia os negros se revoltassem e os massacrassem", lembrou o comentarista britânico Simon Kuper no Financial Times.
Recentes experiências pessoais pesaram na guinada política de Musk, especialmente a mudança de nome e gênero de sua filha, Vivian, em 2022, aos 18 anos. Para Elon Musk, sua filha foi "morta" pelo "vírus woke" promovido pela escola californiana onde estudava, endurecendo seu discurso político.
O apoio a Trump também está relacionado à atividade de Musk, já que suas empresas operam em setores altamente regulados e que frequentemente entram em conflito com as autoridades.
Com Trump na Casa Branca, Musk poderia ser potencialmente “responsável por sua própria regulação, com a possibilidade de fazer absolutamente o que quiser”, destacou Rob Enderle, analista do Enderle Group.
Musk possui um poderoso instrumento de influência através do X (antigo Twitter), onde compartilha conteúdos controversos alinhados às ideias de Trump. Com cerca de 200 milhões de seguidores, ele transforma o X numa plataforma de ressonância para algumas contas próximas ao ex-presidente, sem grande moderação de conteúdo.
A relação entre Musk e Trump não se limita ao apoio. Recentemente, um comitê de apoio lançado pelo empresário prometeu pagar US$ 47 (R$ 264,4) para quem conseguisse a assinatura de eleitores em favor de pautas como a liberdade de expressão e o porte de armas. "Dinheiro fácil", publicou Musk no X.
Essa postura está começando a afetar a imagem de suas empresas, especialmente a Tesla, que “já não é a primeira opção para quem quer demonstrar compromisso com o meio ambiente”, segundo Mark Hass, assessor de grandes empresas.
Sua participação política, segundo especialistas, representa uma novidade no cenário eleitoral americano: um bilionário da tecnologia com influência midiática e traços autoritários. Se Trump vencer, Musk poderia ser, nas palavras do professor Paul Sracic, da Universidade de Youngstown State, “o rei do mundo”.
Musk continua a expandir sua influência não apenas como um magnata da tecnologia, mas também como uma figura política emergente nos Estados Unidos.