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Com 150 internados, realeza saudita tem quarentena mais luxuosa do mundo

Maioria se infectou com a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, durante viagens luxuosas à Europa

Príncipe da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman.  (Bandar Algaloud / Saudi Kingdom Council / Handout/Anadolu Agency/Getty Images)

Príncipe da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman. (Bandar Algaloud / Saudi Kingdom Council / Handout/Anadolu Agency/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 13 de abril de 2020 às 17h58.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 17h59.

A pandemia do coronavírus pegou de surpresa a família real da Arábia Saudita, conhecida por seus gastos bilionários e escapadas cheias de glamour para a Europa. Com mais de 150 membros do clã infectados, o pânico tomou conta dos jardins franceses e aposentos decorados com lustres de cristal bacará dos palácios da capital Riade. As princesas, príncipes e consortes não param de chegar ao hospital Rei Faisal, que atende pacientes VIP. Mais 500 leitos foram solicitados emergencialmente para dar conta da alta da demanda puxada pela realeza e outros endinheirados do reino.

Muitos têm jatinhos particulares ou viajam confortavelmente nas melhores companhias áreas. A Emirates, com seu serviço impecável, é uma das preferidas. Vira e mexe, os membros da família real viajam para a Côte-d´Azur e a região de Versailles, na França, onde o príncipe Mohamed Bin Salman tem um palácio de 320 milhões de dólares. Ele mandou construir uma suíte subaquática com vista para o lago, além de um cinema com mais de 60 lugares.

No avião, não é raro ver os sauditas levantando para trocar de roupa quando o pouso se aproxima. Os mais jovens se desfazem da vestimenta tradicional, uma longa túnica branca, e vestem calça jeans e camisa. As mulheres, quando conseguem viajar sem os maridos, tiram a hijab, túnica que cobre todo o corpo, e colocam roupas de grife.

Na Europa, festas particulares em iates e castelos fazem parte da rotina da família real, que convive com políticos e gente (muito) rica de países como a Itália e a França. Com uma fortuna estimada em 1,4 trilhão de dólares, maior do que o PIB da Indonésia, os membros da realeza saudita nunca precisaram se preocupar com bem-estar. Agora, a história é outra. A expectativa é que pelo menos mais uma centena de integrantes da corte precise de internação. A maioria esteve na Europa nos últimos meses. Os hospitais estão correndo contra o tempo para conseguir providenciar atendimento aos pacientes.

O príncipe Mohamed Bin Salman resolveu escapar para um refúgio à beira do Mar Vermelho. Ele levou os ministros e seus principais auxiliares. Seu pai, o rei Salman, de 84 anos, se isolou em um palácio em uma ilha particular perto da cidade de Jeddah, também nas praias do Mar Vermelho. Nenhum dos dois tem ideia sobre quando voltar a suas residências, na capital. Em Riade, as ruas estão desertas.

O país já registra 5.000 casos confirmados da covid-19. Todas as fronteiras foram fechadas e os voos internacionais estão suspensos. As maiores cidades entraram em lockdown na última semana. Pela primeira vez na história, a peregrinação anual dos muçulmanos a Meca, prevista para os próximos meses, deverá ser cancelada. Dessa vez, nem os petrodólares que irrigam a Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, podem resolver a situação. Na pandemia, todos são iguais.

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