Leitor argumentou que, pela lógica da coluna, Índia deveria anexar a Inglaterra (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2011 às 14h46.
Londres - Depois das reações irritadas recebidas pelo jornal, um colunista do Financial Times defendeu as razões que o levaram a propor a 'anexação' de Portugal pelo Brasil como solução para os problemas de dívida do país europeu em uma recente Lex Column.
"Era um texto muito curto. Pretendia ser um pouco humorístico. Era uma sugestão pouco convencional e, com certeza, não tinha a intenção de ofender a nação ou o povo português", explicou Edward Hadas, uma dos escritores por trás da influente coluna, em um vídeo disponibilizado nesta quarta-feira no site do jornal econômico britânico.
O texto, com o título "Portugal e Brasil: inversão de papéis", apresentava a proposta de "anexação" da antiga potência colonial pela antiga colônia, atualmente um gigante emergente, mas logo em seguida admitia que a nação europeia "seguramente não gostaria de perder status".
A coluna provocou muitos comentários de leitores portugueses, muitos deles ofendidos com o texto e afirmando que, seguindo a mesma lógica, a Grã-Bretanha poderia virar uma "província indiana".
"O que pretendíamos é destacar as diferenças sobre como funciona o mundo atualmente", explicou Hadas no vídeo, no qual conversa com o principal responsável pala coluna, John Authers.
"O Brasil é muito mais pobre que Portugal, per capita, mas é uma economia muito maior", explicou.
"Poderia administrar o problema português absorvendo sua dívida dentro do país", acrescentou, lembrando que Portugal representaria apenas 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
A presidente do Brasil, Dilma Roussef, assim como o antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o país está disposto a ajudar Portugal.
O Brasil pode comprar uma parte da dívida soberana portuguesa para ajudar a economia da antiga potência colonial a superar a grave crise financeira, afirmou a presidente em declarações à imprensa lusitana.
"Estamos estudando a melhor maneira de participar na recuperação da economia portuguesa. Nossas equipes têm um diálogo permanente e fluente sobre esta questão", declarou Dilma Rousseff em uma entrevista ao jornal Diário Econômico.
"Uma das possibilidades é a compra de uma parte da dívida soberana portuguesa", destacou a presidente, que também mencionou a análise de "outras alternativas", como "a compra antecipada de títulos brasileiros atualmente nas mãos do governo português".