Cisjordânia: ataque aconteceu em um momento de crescente revolta palestina (flickr.com/photos/mk30/)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2014 às 08h39.
Jerusalém - Colonos israelenses incendiaram nesta quarta-feira uma mesquita na Cisjordânia em um aparente ato de represália, segundo fontes palestinas, ao mesmo tempo que analistas debatem a possibilidade de uma nova Intifada.
A ação contra a mesquita pouco antes do amanhecer perto do assentamento judaico de Shilo aconteceu depois que dois ataques palestinos a facadas mataram, na segunda-feira, uma moradora de uma colônia do sul da Cisjordânia e um soldado israelense em Tel Aviv.
"Os colonos incendiaram o primeiro andar da mesquita na localidade de Al-Mughayir, perto da cidade de Ramala, afirmou uma fonte dos serviços de segurança.
A polícia confirmou o incidente e abriu uma investigação.
Também durante a noite de terça-feira, um coquetel molotov foi lançado contra uma antiga sinagoga na localidade árabe israelense de Shfaram, o que provocou danos leves.
O templo não é utilizado atualmente para serviços religiosos.
O ataque contra a mesquita aconteceu em um momento de crescente revolta palestina, depois que tropas israelenses mataram a tiros um manifestante no sul da Cisjordânia na terça-feira.
A morte do jovem de 22 anos perto de Hebron aconteceu quando as tropas israelenses tentavam dispersar 150 palestinos que atiravam pedras e bombas incendiárias contra automóveis na colônia de Kiryat Arba.
Um guarda de fronteira suspeito pela morte de um jovem palestino em maio na Cisjordânia foi detido nesta quarta-feira.
Desde o início da atual onda de violência, há cinco meses, com o sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses, pelo menos 17 palestinos morreram na Cisjordânia, segundo uma contagem da AFP.
Nova Intifada
Os distúrbios, iniciados há alguns meses, ficaram mais intensos nos últimos dias e passaram de Jerusalém Oriental anexada para a Cisjordânia ocupada e as comunidades árabes em Israel, aumentando o temor de uma nova Intifada (levante) palestina.
Na terça-feira, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ordenou medidas de segurança adicionais para enfrentar os crescentes protestos árabes.
Ele aproveitou para criticar o presidente palestino Mahmud Abbas, que para Netanyahu "incita mais violência".
Quase 10 anos depois dos segundo levante palestino (2000-2005), analistas israelenses questionam se a escalada da violência significa o início de uma nova Intifada. Mas o ministro da Defesa, Moshe Yaalon, considerou a análise prematura.
"Não vemos massas saindo às ruas (na Cisjordânia). O que vemos em alguns lugares são jovens que participam no terrorismo popular e, principalmente, vemos agressores solitários", disse.
"Então como chamamos? Não há dúvida de que se trata de uma escalada da violência. Esperemos para ver como chamá-la", completou.
Yaalon pediu aos israelenses que permaneçam em alerta e afirmou que o país deve estar preparado para "a possibilidade de uma nova escalada".
O secretário de Estado americano, John Kerry, viaja nesta quarta-feira a Jordânia para conversar com o rei Abdullah II sobre a situação em Israel e nos territórios palestinos, assim como sobre a campanha contra o grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria.
A Jordânia tem o papel de guardiã dos locais sagrados muçulmanos em Jerusalém Oriental.