Acordo de paz: a reforma vai "modernizar a agricultura e visibilizar mais os agricultores familiares" (John Vizcaino/Reuters)
Luísa Granato
Publicado em 18 de outubro de 2016 às 17h02.
Roma - O vice-ministro de Desenvolvimento Rural da Colômbia, Juan Pablo Díaz Granados, disse nesta terça-feira que o governo vai promover a reforma agrária integral, um dos pontos acertados com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), com ou sem a existência de acordo de paz.
Em declarações à Agência Efe depois de se reunir em Roma com o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, Granados reiterou a vontade do presidente Juan Manuel Santos de "ter uma reforma rural integral com ou sem acordo".
"Exista ou não a assinatura final do acordo, o primeiro ponto do que já se pactuou (referido à reforma agrária) será feito, não porque faça parte do acordo como tal, mas como um compromisso do presidente e das autoridades", enfatizou.
No último dia 2, os colombianos rejeitaram no referendo o acordo de paz assinado pelo governo e a guerrilha das Farc após quatro anos de negociações em Havana (Cuba), o que levou Santos a entabular um diálogo com a oposição para tentar destravá-lo.
O vice-ministro manifestou a intenção do governo de continuar com sua agenda para "modernizar a agricultura e visibilizar mais os agricultores familiares", para quem "não está atada à sorte do processo de paz".
"Isso faz com que as relações que temos com organizações como a FAO sigam vigentes, apesar das dificuldades próprias desse processo de paz que estamos tendo", afirmou.
Em agosto, o organismo internacional anunciou que o Executivo colombiano e as Farc tinham solicitado que acompanhasse a implementação do primeiro ponto do acordo para desenvolver o campo e reduzir a pobreza.
Granados disse que a ideia é impulsionar dentro de um pacote legislativo políticas públicas que ainda não existem no país, como as encaminhadas a endurecer as penas contra a pesca ilegal, preservar as florestas, desenvolver a agricultura familiar e ordenar o território agrícola "de maneira muito mais eficiente".
Com relação às objeções apresentadas pela campanha contrária ao acordo de paz, o responsável de Desenvolvimento Rural ressaltou que Santos as escutou e declarou que existem aspectos que "não estão em discussão", como a "plena garantia" à propriedade privada em matéria rural.
A FAO, por enquanto, continuará fornecendo cooperação técnica e apoio na elaboração de políticas que regulem a agricultura familiar (responsável por 70% da produção agrária no país), ordenem o território e fomentem o desenvolvimento sustentável, segundo o vice-ministro.