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Colômbia lança negociações com ELN para "paz completa"

Santos se prepara para negociar com o ELN enquanto busca salvar o processo com as Farc

ELN: "O único caminho para a Colômbia é a paz que nos envolva e represente" (foto/AFP)

ELN: "O único caminho para a Colômbia é a paz que nos envolva e represente" (foto/AFP)

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AFP

Publicado em 26 de outubro de 2016 às 10h04.

A Colômbia, que chora os mais de 260.000 mortos em meio século de violência fratricida, buscará avançar nesta quinta-feira em direção à "paz completa", ao lançar em Quito diálogos com o ELN, segunda maior guerrilha do país.

Na Capela do Homem, onde arde "A chama eterna" pela paz, o governo de Juan Manuel Santos e o Exército de Libertação Nacional (ELN) planejam instalar negociações após mais de dois anos de aproximações secretas.

O templo do humanismo americanista do pintor Oswaldo Guayasamín será o palco para iniciar as negociações, anunciadas em março, mas condicionadas à libertação de reféns, o mesmo requisito imposto às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para iniciar negociações em Cuba em 2012.

Santos, Nobel da Paz por seus esforços de pacificação, se prepara para negociar com o ELN enquanto busca salvar o processo com as Farc após o surpreendente revés eleitoral de 2 de outubro, quando um histórico acordo selado com esta guerrilha marxista foi rejeitado em um referendo.

"Diante das adversidades, a paz que tanto ansiamos (...) sairá fortalecida", disse o presidente sobre a renegociação com as Farc, que desde o fim de semana tenta incluir as exigências da oposição. "E agora com o ELN será completa", acrescentou.

"O único caminho para a Colômbia é a paz que nos envolva e represente", tuitou por sua vez a guerrilha guevarista.

Com o ELN, com amplo apoio social e urbano, mas sem alcance nacional, as negociações se desenvolverão em Equador, Venezuela, Chile, Brasil e Cuba, fiadores dos diálogos junto com a Noruega.

A primeira rodada, de 45 dias, começará em 3 de novembro em Cashapamba, uma ex-fazenda convertida em clube social 25 km a leste de Quito, cedida pela Pontifícia Universidade Católica.

Reféns, pomo da discórdia

A fase pública das negociações com a ELN esteve, no entanto, afetada pela incerteza, diante do compromisso da guerrilha anunciado há duas semanas de iniciar a libertação de reféns "com dois casos até 27 de outubro".

A entrega "são e salvo" do ex-congressista do governista Partido de la U Odín Sánchez, em poder dos rebeldes desde abril, foi exigida em tom de ultimato na segunda-feira pelo chefe negociador do governo, Juan Camilo Restrepo.

Um porta-voz da Igreja católica próximo às negociações disse na terça-feira que o procedimento estava "encaminhado".

Até agora não se sabe o número exato de reféns do ELN, que pegou em armas em 1964 e que conta com 1.500 combatentes, segundo números oficiais.

Além de Odín, fontes eclesiásticas disseram à AFP que o médico Édgar Torres também está nas mãos desta guerrilha no departamento de Chocó (noroeste).

"É provável" que após a esperada libertação de Sánchez, e eventualmente também de Torres, o governo liberte guerrilheiros do ELN como gesto de reciprocidade, disse Jorge Restrepo, diretor de Cerac.

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