Iván Duque: O candidato da direita é o favorito para ganhar as eleições presidenciais e crítico à forma como se negocia com a guerrilha. (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
AFP
Publicado em 15 de junho de 2018 às 22h04.
O governo da Colômbia e a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) terminaram nesta sexta-feira (15) o quinto ciclo de suas conversas de paz em Havana sem alcançar o cessar-fogo bilateral, embora tenham esclarecido que continuarão trabalhando nele.
"As delegações aproximaram as propostas sobre o novo cessar-fogo bilateral, nacional e temporário, e expressamos nossa vontade de concretizar um novo cessar qualitativamente melhor, para o qual continuaremos trabalhando no sexto ciclo", que começa em 25 de junho, detalharam em comunicado conjunto.
O fim desta etapa de negociações ocorre na véspera do segundo turno presidencial na Colômbia. Diante desse cenário o ELN já havia decidido suspender unilateralmente suas atividades militares por cinco dias, de 15 a 19 de junho, para facilitar a participação cidadã nas eleições.
A Colômbia elegerá neste domingo, 17 de junho, o sucessor do presidente Juan Manuel Santos em um histórico e polarizado segundo turno.
"Acho que estamos perto de alcançar esse anseio do país, que concordamos com um novo cessar-fogo que nos permite continuar promovendo o desenvolvimento da agenda e aclimatar a paz na Colômbia", disse o negociador-chefe do governo colombiano, Gustavo Bell.
Tanto o governo como o ELN consideraram importante "dar continuidade a este processo" de paz, e seguir trabalhando na agenda acordada em 30 de março de 2016, "a fim de assinar um Acordo Final para encerrar o conflito armado e acordar transformações em busca de uma Colômbia de paz e equidade".
No desenvolvimento do primeiro ponto da agenda, neste ciclo, foram dados passos para o planejamento do processo da "participação da sociedade na construção da paz", explicaram no comunicado assinado por Bell e pelo líder da delegação do ELN, Pablo Beltrán.
O favorito para ganhar as eleições presidenciais na Colômbia é o candidato da direita, Iván Duque, herdeiro político do ex-presidente Álvaro Uribe e crítico à forma como se negocia com a guerrilha. Ele é, inclusive, favorável a uma revisão do acordo de paz que o governo assinou em 2016 com as Farc.
O outro candidato no segundo turno é o ex-guerrilheiro e ex-prefeito de Bogotá Gustavo Petro, de 58 anos, que abre mais possibilidades de negociação com o ELN, organização que conta com 1.500 combatentes.
"Esperamos que qualquer um que ganhe dê continuidade a esses esforços (de paz) e cumpra os acordos que o governo vem negociando. Isso é o melhor para a Colômbia", disse recentemente Pablo Beltrán, chefe da missão negociadora do ELN.
"Eu continuo insistindo que o ELN tem que dar uma demostração clara aos colombianos de que quer desmobilização, desarmamento e reinserção genuínos", afirmou Duque.
O ELN e o governo de Santos iniciaram os diálogos de paz em fevereiro de 2017 no Equador, mas Quito se marginalizou como sede e mediador do processo em 20 de abril, após inusitados ataques e sequestros adjudicados a dissidentes das já dissolvidas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
A sede das negociações passou a ser Havana, onde começou o quinto ciclo em maio. Ambas as partes estão dispostas a pactuar um cessar-fogo melhor do que o que conseguiram em outubro de 2017 e que durou 101 dias, até janeiro de 2018, em meio a críticas pelos descumprimentos.