Duque: Durante vários anos denunciei publicamente que a Colômbia não deveria seguir sendo parte da Unasul, disse o presidente (Divulgação/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 30 de agosto de 2018 às 14h30.
O presidente da Colômbia, Iván Duque, anunciou que, em seis meses, o país deixará de ser membro da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Ele justificou a saída afirmando que o bloco é cúmplice de um governo ditatorial na Venezuela.
"Quero informar aos colombianos que no dia de hoje, por instruções precisas, o chanceler da República enviou à Unasul a carta em que denunciamos o tratado constitutivo dessa entidade e em seis meses se fará efetiva a retirada da Colômbia dessa organização", afirmou Duque em uma declaração oficial feita para a televisão.
O presidente colombiano acusa a Unasul de ter sido conivente com um regime ditatorial na Venezuela. "Durante vários anos denunciei publicamente que a Colômbia não deveria seguir sendo parte da Unasul, porque a Unasul é uma instituição que agiu com silêncio e muitas vezes com complacência para que não se denunciassem os tratamentos brutais da ditadura da Venezuela", disse.
Hoje (30) o vice-chanceler uruguaio, Ariel Bergamino, afirmou que a saída da Colômbia é um reflexo de que a América Latina não passa por um bom momento no que diz respeito à integração regional.
A Unasul é uma organização regional intergovernamental composta por 12 países sul-americanos. A organização abrange um universo de mais de 400 milhões de habitantes, representando 68% da população da América Latina. Atualmente, a presidência pro tempore é exercida pela Bolívia.
Em abril deste ano, no entanto, o Brasil e mais cinco países suspenderam sua participação no bloco. Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru enviaram carta à presidência pro tempore do bloco anunciando, por tempo indeterminado, a suspensão da participação nas reuniões.
A iniciativa, segundo o documento, foi motivada pelo impasse com o governo da Venezuela em relação à escolha do secretário-geral da organização. Na carta, os chanceleres alegam que a Unasul está paralisada desde janeiro de 2017 porque a Venezuela, com o apoio da Bolívia, do Suriname e do Equador, vetou o candidato argentino ao posto de secretário-geral e não propôs um nome alternativo, deixando a organização sem liderança.
A Unasul foi criada em 23 de maio de 2008 como espaço de coordenação para construir uma identidade e cidadania sul-americana, além de reforçar a presença do bloco na arena internacional. Entre os objetivos do bloco estão o fortalecimento do diálogo entre os Estados-Membros, a cooperação na erradicação da pobreza e do analfabetismo; o acesso universal à educação de qualidade; o desenvolvimento sustentável; a integração financeira e a proteção da biodiversidade, entre outros.