Ônibus que pegou fogo na Colômbia: vítimas tinham entre 3 e 12 anos (AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2014 às 14h51.
Fundación - As famílias das 33 crianças carbonizadas em um ônibus no norte da Colômbia enfrentavam nesta terça-feira o doloroso processo de identificação genética dos corpos, que pode levar até dez dias, enquanto o governo anunciava três dias de luto oficial.
A maioria dos corpos - com idades entre 3 e 12 anos - foi levada da localidade de Fundación, onde aconteceu o acidente no domingo, para o Instituto Médico Legal (IML) da cidade de Barranquilla, onde pais e familiares ajudavam na identificação.
"Dos 31 corpos que chegaram à cidade de Barranquilla (...) há 27 casos nos quais já foram concluídos os processos de necropsia e estamos nos processos de identificação, que serão feitos por comparação genética", que pode levar dez dias, declarou em uma coletiva de imprensa o diretor-regional do IML, Carlos Murillo.
"Uma equipe de geneticistas está mobilizada para receber as amostras retiradas dos corpos e dos familiares, e estes casos terão toda a prioridade", disse Murillo.
Para facilitar o processo, os parentes levam roupas ou informam a respeito de sinais particulares para identificar seus filhos.
Dos mais de 20 jovens que ficaram inicialmente feridos e foram levados a hospitais, 13 ainda permanecem internados, alguns em estado grave e com fortes queimaduras.
Nos arredores da sede do IML, pessoas deixaram flores e escreveram mensagens de apoio aos familiares em grandes cartazes afixados nas paredes.
Os parentes das crianças falecidas, que no domingo voltavam de ônibus para casa após um culto religioso quando o acidente ocorreu, estão recebendo acompanhamento psicológico.
Como o processo de identificação será demorado, devido ao estado de carbonização dos cadáveres, as autoridades organizam a entrega simbólica de caixões individuais aos familiares para que seja realizada uma cerimônia fúnebre coletiva.
Depois, à medida que os corpos forem identificados geneticamente, os restos de cada criança serão colocados nos caixões.
A cerimônia coletiva provavelmente será realizada em Fundación, uma pequena localidade em luto que lembra as vítimas com pequenas homenagens. Cruzes de bambu foram erguidas na estrada onde o ônibus pegou fogo e um cartaz com os rostos das crianças foi afixado na entrada do povoado.
"Isto precisa ser esclarecido. O que estavam transportando não eram porcos, ou gado... eram crianças!", disse Humberto Castro, avô de quatro crianças que viajavam no ônibus, duas das quais, de 9 e 5 anos, faleceram enquanto tentavam sair do veículo.
Luto
Nesta terça-feira, o governo colombiano decretou três dias de luto pela tragédia e ordenou que as bandeiras sejam deixadas a meio mastro "em solidariedade ao luto de suas famílias e amigos".
O papa Francisco também enviou um telegrama de pêsames às famílias das crianças, no qual disse estar profundamente triste com a tragédia, informou o Vaticano.
O presidente Juan Manuel Santos, que foi ao local do acidente no domingo à noite para reconfortar as famílias, defendeu medidas para aumentar o controle estatal sobre a circulação de veículos de transporte coletivo, atualmente sob a responsabilidade dos municípios.
Na segunda, foram divulgadas informações de que o ônibus em que as crianças viajavam circulava de forma ilegal e com excesso de passageiros.
O Ministério Público acusará por "homicídio culposo agravado" o motorista do veículo, Jaime Gutiérrez, de 56 anos, que não tinha carteira de habilitação, assim como Manuel Ibarra, membro da igreja evangélica para onde as crianças estavam indo e responsável pelo aluguel do ônibus.
As primeiras hipóteses apontam que o acidente foi provocado por uma imprudência do motorista que, ao que parece, manipulou um recipiente de gasolina para abastecer o veículo.
O ministro da Saúde, Alejandro Gaviria, informou que os gastos de hospitalização das crianças feridas no acidente serão cobertos pelo Estado.
Já as famílias dos menores falecidos receberão 12,3 milhões de pesos (6.200 dólares) de indenização por cada uma, além de outros 3 milhões de pesos (1.500 dólares) por gastos funerários.