Coletes amarelos protestam em frente a sede da ONU na Suíça (Denis Balibouse/Reuters)
EFE
Publicado em 20 de fevereiro de 2019 às 12h33.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2019 às 12h36.
Genebra — Centenas de manifestantes do movimento francês "coletes amarelos" protestaram nesta quarta-feira em frente à sede europeia das Nações Unidas em Genebra, na Suíça, com o objetivo de denunciar a brutalidade policial contra as manifestações organizadas na França durante os últimos três meses.
Vindos sobretudo de localidades francesas próximas a Genebra, como Lyon, Annecy ou Albertville, os manifestantes se concentraram na Praça das Nações, habitual cenário de protestos junto ao palácio homônimo onde se encontram os escritórios suíços da ONU.
"Viemos denunciar a violência contra os 'coletes amarelos', uma violência que eu mesmo sofri", contou à Agência Efe Gérard, um mecânico de Lyon que relatou como a tropa de choque da polícia reprimiu várias manifestações nesta cidade francesa com golpes de cassetete e bombas de gás lacrimogêneo.
"Demonstramos que não éramos violentos, mas nos empurraram da Praça Bellecour (no centro de Lyon) para a estrada, colocando em perigo também os motoristas", relatou Gérard.
Os manifestantes levaram hoje cartazes pedindo a renúncia do presidente francês, Emmanuel Macron.
Também exibiram imagens de vários dos 1.600 "coletes amarelos" feridos desde novembro e lembraram com cruzes amarelas alguns dos cerca de 20 mortos nos protestos, como a idosa de 80 anos morta há duas semanas em Marselha pelo impacto de uma bomba de gás lacrimogêneo.
"Aqui (em Genebra) normalmente se manifestam pessoas de todo o mundo contra as ditaduras, e a França é atualmente uma ditadura violenta", afirmou outro dos manifestantes, Thierry, do coletivo Solidariedade e Resistência de Annecy.
"Na França há um ataque contra a liberdade de pensamento, apesar de ser o país onde nasceram os direitos humanos", comentou Thierry à Efe enquanto os manifestantes começavam a cantar slogans de apoio à causa.
Thierry acrescentou que também tinha vontade de levar o protesto à Suíça para denunciar o envolvimento deste país na repressão aos "coletes amarelos", já que parte do armamento dos policiais franceses, entre eles os rifles de bolas de borracha, são produzidos em fábricas suíças.