Grafite em Paris reinterpreta obra de Delacroix com 'coletes amarelos' (Philippe Lopez/AFP)
Gabriela Ruic
Publicado em 28 de janeiro de 2019 às 17h15.
Última atualização em 28 de janeiro de 2019 às 17h18.
Os protestos dos coletes amarelos na França estão dando munição a países que não gostam que lhes deem lições sobre direitos humanos.
Em entrevista coletiva no Cairo, na segunda-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que havia acabado de entregar ao seu colega egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, uma lista de jornalistas e ativistas presos. Um jornalista local perguntou como ele pretendia garantir os direitos humanos dos manifestantes presos na França.
Apesar de alguns terem reclamado das táticas duras da polícia, não há indícios de que a França tenha violado os direitos daqueles que bloquearam rodovias e marcharam em Paris para protestar contra o governo de Macron.
Mas, de qualquer maneira, a questão continua perseguindo o presidente em um momento em que ele tenta mostrar uma superioridade moral antes das eleições parlamentares europeias de maio.
Em 26 de janeiro, o embaixador da Rússia para as Nações Unidas comparou os distúrbios na Venezuela com os protestos dos coletes amarelos quando o Conselho de Segurança analisava discutir sua resposta ao caos que está se desenrolando em Caracas.
O enviado, Vassily Nebenzya, assegurou ao órgão que não tinha a intenção de convocar um debate formal sobre a situação interna da França, mas sua crítica ressaltou a situação incômoda de Macron.
Os coletes amarelos já forçaram Macron a cancelar sua política orçamentária, o que pode fazê-lo violar as regras da UE. Agora ele está tendo que explicar a diferença entre as táticas da polícia francesa e a repressão no Egito.
“Durante essas manifestações, alguns indivíduos extremistas cometeram crimes ao saquear empresas e prédios públicos”, disse Macron, na entrevista coletiva, no palácio presidencial de Sisi. “Eles foram presos legitimamente -- não pelo que disseram, mas pelo que quebraram.”
E então ele foi questionado a respeito das 11 pessoas que morreram desde o início dos protestos, em novembro.
“Eu lamento que as pessoas tenham morrido devido à estupidez humana, mas nenhuma delas foi vítima das forças de segurança”, disse.