Mais de 90 mil pessoas já foram infectadas pela epidemia de cólera no Haiti (Joe Raedle/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2010 às 12h04.
Paris - A epidemia de cólera que provocou mais de 2 mil mortes no Haiti entrou no país pelos capacetes azuis nepaleses da ONU, indicam um relatório médico francês elaborado por encomenda das autoridades haitianas e do qual informaram hoje à Agência Efe fontes próximas à investigação.
Pelas informações, a doença foi identificada no povoado em que os soldados nepaleses montaram seu acampamento. A doença apareceu poucos dias após sua chegada, o que comprova a origem da epidemia.
Até agora, a missão da ONU no Haiti (Minustah) negou que a epidemia tivesse entrado pelas mãos de seus capacetes azuis.
Mas o relatório do médico francês Renaud Piarroux, considerado um dos principais especialistas do mundo no estudo da epidemia de cólera, não deixa dúvidas da origem da doença.
O Ministério de Exteriores da França confirmou nesta terça que transmitiu à sede da ONU em Nova York o relatório de Piarroux para a eventual abertura de uma investigação.
O estudo foi encarregado por Paris a pedido das autoridades haitianas, indicou um porta-voz diplomático francês.
Pelo texto, a aparição da doença coincide com a chegada dos soldados nepaleses que, além disso, procedem de um país onde há uma epidemia de cólera.
De outra forma não se explica o surgimento tão repentina e forte da cólera em um pequeno povoado de poucas dezenas de habitantes.
O relatório analisa a forma de propagação do mal, já que as águas fecais do acampamento nepalês eram drenadas no mesmo rio em que os habitantes do povoado bebiam água.
Essa corrente fluvial facilitou a propagação da epidemia, que até agora infectou mais de 90 mil infectados no país.
A ONU enviou uma missão de investigação ao acampamento nepalês e concluiu que esse não poderia ser a origem da epidemia.