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Colégio Eleitoral se reúne para confirmar vitória de Trump

Normalmente, este passo é uma formalidade e tende a passar despercebida. Mas dessa vez o país está dividido e a reunião deve ficar nos holofotes

Trump: a surpreendente vitória do republicano Donald Trump sobre a democrata Hillary Clinton deixou o país dividido (William Philpott/Reuters)

Trump: a surpreendente vitória do republicano Donald Trump sobre a democrata Hillary Clinton deixou o país dividido (William Philpott/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 17h47.

Membros do Colégio Eleitoral americano se reúnem nesta segunda-feira (19) em todo o país para consagrar formalmente Donald Trump como presidente, enquanto os críticos do bilionário se atêm a um fio de esperança de que uma revolta do colegiado possa barrar seu acesso à Casa Branca.

Normalmente, este passo é uma formalidade adotada por uma instituição obscura no processo eleitoral americano, e tende a passar despercebida. Mas não desta vez.

A surpreendente vitória do republicano Donald Trump sobre a democrata Hillary Clinton deixou o país dividido. A isso, soma-se o alvoroço provocado pelas revelações de que a Rússia teria lançado um ciberataque contra os democratas durante a campanha presidencial para favorecer Trump nas eleições.

Consequentemente, pela primeira vez, as pessoas estão prestando muita atenção na votação do Colégio Eleitoral.

Quando os americanos votaram em 8 de novembro, não elegeram seu futuro presidente diretamente, função esta exercida pelos 538 grandes eleitores (ou delegados) encarregados de transformar seus desejos em realidade.

Trump conquistou uma clara maioria desses grandes eleitores - 306, quando são necessários 270 para ser eleito -, mas perdeu para Hillary na votação popular por quase três milhões de votos.

Nesta segunda-feira, os grandes eleitores - a maioria dos quais é de membros de partidos sem reconhecimento nominal - se reúnem em cada estado e no distrito de Columbia para designar oficialmente os próximos presidente e vice-presidente dos Estados Unidos.

Na maioria dos estados, os grandes eleitores devem votar em qualquer candidato que tiver vencido a votação popular em seu estado.

Para evitar que Trump chegue à Presidência, ativistas democratas precisariam convencer pelo menos 37 eleitores republicanos a abandonar seu candidato.

Petição on-line

O eleitor republicano do Texas Christopher Suprun afirmou publicamente que não votará em Trump, argumentando que ele não está qualificado para ser presidente. Como exemplo, ele cita o conflito de interesses entre a administração dos negócios do magnata no exterior e a chefia de Estado.

Em entrevista hoje à rede MSNBC, Suprun disse ter entrado em contato com outros eleitores para tentar convencê-los a se juntar a ele. Trata-se - afirmou - de uma questão de princípios.

Além da questão dos negócios, Suprun disse que Trump "parece ser um demagogo na forma como nos divide e, na minha opinião, ele não é adequado para garantir nossa segurança nacional perante os governos estrangeiros".

Uma petição on-line solicitando aos grandes eleitores que rejeitem Trump obteve cinco milhões de apoiadores. Astros de Hollywood, como Martin Sheen, divulgaram um vídeo recentemente com o objetivo de incentivar os grandes eleitores a descartar Trump.

Não há, até agora, evidências de que um número suficiente de eleitores republicanos vá fazê-lo.

E, mesmo que Trump perca na votação do Colégio Eleitoral, caberá à Câmara de Representantes - controlada pelos republicanos - designar o sucessor do presidente Barack Obama.

O resultado final da votação não deve ser conhecido nesta segunda-feira, pois os estados têm vários dias para informar seus números. O Congresso anunciará o nome do vencedor em 6 de janeiro, duas semanas antes da posse do novo presidente.

Democratas divididos

Os supostos ciberataques russos que muitos democratas dizem ter sido o golpe de misericórdia na campanha de Hillary Clinton adicionaram um tom dramático à votação do Colégio Eleitoral.

Dez eleitores - nove democratas e um republicano - escreveram uma carta aberta ao diretor do Escritório de Inteligência Nacional, James Clapper, solicitando um briefing de Inteligência sobre a questão antes de votar.

A resposta foi "não", informou o delegado democrata Clay Pell, de Rhode Island, um dos signatários da carta.

Assim, os grandes eleitores de Rhode Island vão apelar ao Congresso nesta segunda-feira para que seja realizada uma investigação sobre o ciberataque "para assegurar que o povo americano tenha toda a informação sobre essa intervenção estrangeira sem precedentes nas nossas eleições".

O futuro chefe de gabinete da Casa Branca, Reince Preibus, disse à Fox News neste domingo que a pressão para que o Colégio Eleitoral não eleja Trump "se trata de os democratas serem incapazes de aceitar o resultado das eleições. Trata-se de deslegitimar o sistema [eleitoral] americano".

O próprio Trump fez suas considerações no Twitter.

"Se meus muitos apoiadores agissem e ameaçassem pessoas como aqueles que perderam as eleições estão fazendo, eles seriam rejeitados e chamados de nomes horríveis!", tuitou.

Mas nem todos os democratas apoiam levar os delegados republicanos a rejeitar Trump.

"Embora eu compartilhe profundas preocupações sobre a eleição e & @realDonaldTrump, a maioria dos [grandes] eleitores seguirá os estados & deve fazê-lo. Reverter [o resultado] dividiria o país ao meio", escreveu, também no Twitter, o ex-assessor do presidente Obama, David Axelrod.

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