Familiares de indígenas mapuches feridos em confrontos com militares protestam em frente ao hospital onde deram entrada na cidade de Temuco, sul do Chile, em 4 de novembro de 2021. (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 18 de novembro de 2021 às 16h14.
Última atualização em 18 de novembro de 2021 às 16h54.
Considerado por décadas exemplo de estabilidade e crescimento na América Latina, o Chile se tornou um redemoinho de instabilidade política desde os protestos sociais de outubro de 2019 e busca eleger no próximo domingo um novo presidente que acalme o clima.
Quinze milhões de eleitores de uma população de 19 milhões de habitantes estão convocados a votar para eleger o sucessor do conservador Sebastián Piñera. Caso ocorra um segundo turno, ele será celebrado em 19 de dezembro.
Confira a seguir algumas coisas a saber sobre o Chile:
Em 11 de setembro de 1973, o general Augusto Pinochet depõe Salvador Allende, primeiro marxista eleito presidente do Chile em 1970. Cercado pelos golpistas, o presidente se suicida no palácio presidencial de La Moneda.
Pinochet conduz o país com mão de ferro durante 17 anos. Após seu projeto político ser derrotado em um plebiscito em 1988, ele passa o poder em 1990 após eleições ao democrata-cristão Patricio Aylwin, embora tenha mantido o comando das forças armadas até 1998.
Pinochet morreu em 2006 sem ter sido julgado por violações aos direitos humanos e malversação de recursos públicos, cometidos durante seu regime, que deixou mais de 3.200 mortos e 38.000 torturados. Entre eles estava a socialista Michelle Bachelet, que se tornou a primeira mulher a presidir o Chile (2006-2010). Após um segundo mandato (2014-2018), agora é Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
O milionário conservador Sebastián Piñera a sucede desde 2018.
Pinochet aplicou uma política econômica ultraliberal que incluiu a privatização de grande parte dos sistemas de saúde e educação. Seu governo impôs o primeiro sistema de pensões completamente privado.
Primeiro produtor mundial de cobre, o Chile se abriu ao mundo e fomentou as exportações, tornando-se na década de 1980 o país da América Latina que mais recebeu investimento estrangeiro.
O modelo econômico, ainda vigente, destacou-se como o mais dinâmico da América Latina. A outra face da moeda do chamado "milagre chileno" é a desigualdade persistente entre seus habitantes, o que desatou uma revolta social em outubro de 2019, canalizada pela via do referendo em 2020.
Naquele ano, o PIB caiu 5,8%, derrubado pelos efeitos econômicos da pandemia do coronavírus. Para este ano, espera-se uma recuperação em torno de 11%.
O Chile foi sacudido por escândalos de pedofilia dentro da Igreja Católica, muito influente até pouco tempo nesta sociedade que se caracterizava por ser uma das mais conservadoras da América Latina.
Em uma visita muito controversa em 2018, o papa Francisco foi acusado de não ter tomado medidas diante das mais de 150 denúncias de abusos sexuais, que implicavam investigações de 219 membros da Igreja.
O divórcio só foi legalizado em 2014 no país e três anos depois o país pôs fim a três décadas de proibição absoluta do aborto. Agora, a interrupção da gravidez é permitida em caso de risco de vida para a mãe, estupro ou inviabilidade fetal.
Encaixado entre o oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes, o Chile é extenso e estreito em seus 4.300 quilômetros e é o com mais atividade sísmica no mundo.
Em 1960, a cidade de Valdivia (sul) foi arrasada por um sismo de magnitude 9,5, considerado o mais potente já registrado, que matou 9.500 pessoas.
Em 2010, um terremoto de magnitude 8,8 seguido de uma tsunami deixou mais de 520 mortos. O Chile tem ainda vários vulcões ativos.
O norte do Chile abriga alguns dos telescópios mais potentes do mundo, devido a seu céu claro durante a maior parte do ano.
A construção do maior telescópio do mundo, o ELT, começou em maio de 2017 no deserto do Atacama, o mais árido do mundo, sob a égide do observatório europeu austral (ESO).
Além disso, o país tem vários poetas premiados, entre eles Gabriela Mistral, a primeira mulher a ganhar o Nobel de Literatura em 1945. A ela se seguiu o poeta Pablo Neruda em 1971. Outros escritores chilenos conhecidos internacionalmente incluem Isabel Allende e Luis Sepúlveda, que morreu de covid-19.
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