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Cobiçada por Trump, Groenlândia comparece às urnas nesta terça com a independência no horizonte

Eleições locais podem definir o caminho para a independência, desejada pela maioria da população da Groenlândia, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenta influenciar o voto

Eleitores na Groenlândia se preparam para votar nas eleições legislativas locais (Getty Images)

Eleitores na Groenlândia se preparam para votar nas eleições legislativas locais (Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 11 de março de 2025 às 08h08.

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A Groenlândia, objeto de desejo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, celebra eleições legislativas locais nesta terça-feira, 11, que podem definir um calendário para a tão esperada independência da maioria da população do território dinamarquês. A ilha, com 57.000 habitantes – sendo quase 90% inuit –, é coberta em 80% por gelo e possui recursos naturais importantes, como hidrocarbonetos e minerais essenciais para a transição energética, o que atrai o interesse de Trump.

O republicano, que acredita que poderia adquirir a Groenlândia "de uma forma ou de outra", tentou influenciar até o último minuto as eleições que renovarão as 31 cadeiras do Inatsisartut (Parlamento local). Sua insistência, por vezes ameaçadora, provocou choque, rejeição e, em alguns momentos, até entusiasmo entre os groenlandeses.

Trump coloca a Groenlândia no centro das relações internacionais e todo mundo se interessa. Nesse sentido, é algo bom, afirmou à AFP Hans Kaali Davidsen, morador de Nuuk, a capital do território. No entanto, ele completou: "Mas Trump, vendo a forma como ele administra sua política e seu próprio país e o rumo que as coisas tomam nos Estados Unidos, não, ele nós não queremos".

Além de Trump, os debates eleitorais se centraram em temas como saúde, educação e a relação com a Dinamarca, que mantém competências diplomáticas, militares e monetárias sobre a ilha do Ártico.

Independência, sim, mas quando?

Os habitantes da Groenlândia frequentemente se consideram tratados como cidadãos de segunda categoria pela antiga potência colonial dinamarquesa, da qual todos os principais partidos desejam obter a independência. Porém, esse consenso esbarra nas divergências sobre o calendário de emancipação: o principal partido de oposição, os nacionalistas do Naleraq, defendem uma independência rápida, enquanto os membros da atual coalizão de governo, formada pela esquerda ecologista Inuit Ataqatigiit (IA), ou Comunidade Inuit, e os social-democratas do Siumut, condicionam o processo a um progresso econômico sustentável.

Atualmente, a Groenlândia depende economicamente da pesca, que representa quase todas as suas exportações, e da ajuda anual de quase 530 milhões de euros (575 milhões de dólares, 3,366 bilhões de reais) fornecida por Copenhague, o que corresponde a 20% do PIB local. Para os independentistas mais impacientes, a exploração dos recursos minerais da Groenlândia, em especial as terras raras, seria suficiente para garantir sua autossuficiência.

Entretanto, as reservas minerais do território são modestas em nível mundial, e o setor de mineração é ainda incipiente, enfrentando custos elevados de exploração devido ao clima hostil e à falta de infraestrutura.

Após anunciar em seu primeiro mandato a intenção de comprar a ilha – proposta rejeitada pelas autoridades dinamarquesas e groenlandesas –, Trump voltou à carga nos últimos meses. Sem descartar a possibilidade de recorrer à força, o magnata republicano reiterou, em várias ocasiões, o desejo de adquirir a Groenlândia, destacando sua importância estratégica para os Estados Unidos, especialmente no contexto da segurança em relação à Rússia e à China.

Na madrugada de segunda-feira, Trump prometeu novamente em sua rede social Truth Social segurança e prosperidade aos groenlandeses que desejam "fazer parte da Maior Nação do mundo".

Uma pesquisa publicada em janeiro mostra que 85% dos groenlandeses rejeitam a opção.

"Não queremos ser americanos. Ele é tão arrogante", declarou na segunda-feira Rene Olsen, funcionário do setor naval de 58 anos. O primeiro-ministro do território, Mute Egede, do partido IA, pediu respeito a Trump e lamentou que seu caráter "muito imprevisível" tenha causado insegurança entre a população.

Do outro lado, os nacionalistas opositores do Naleraq veem no presidente americano um possível apoio antes de negociar com a Dinamarca. "A mensagem de Trump é positiva porque oferece um cenário mais seguro e estável para o movimento independentista", disse à AFP Juno Berthelsen, líder do partido. "Precisamos dos Estados Unidos para nossa segurança nacional e vice-versa", completou.

Porém, em alguns casos, os comentários de Trump esfriam o desejo de independência e reforçam os laços com Copenhague. Kornelia Ane Rungholm, uma funcionária municipal de Qaqortoq, admite que já não deseja "a independência porque Trump nos dominará imediatamente".

Analistas consideram, no entanto, que a interferência de Trump não deve influenciar significativamente o resultado eleitoral, embora sua postura contribua para polarizar o debate e reforçar as convicções de cada lado.

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