Naftali Bennett e Yair Lapid: a dupla reuniu em junho de 2021 uma coalizão única na história de Israel composta por partidos de direita, centro, esquerda e, pela primeira vez, um partido árabe (COHEN-MAGEN/POOL/AFP/Getty Images)
AFP
Publicado em 20 de junho de 2022 às 14h11.
Última atualização em 21 de junho de 2022 às 01h05.
Apenas um ano depois de chegar ao poder, a coalizão liderada pelo premier de Israel, Naftali Bennett, surpreendeu o país ao anunciar sua intenção de dissolver o Parlamento para convocar a quinta eleição em menos de quatro anos.
"Meu amigo, o ministro das Relações Exteriores, e eu decidimos juntos dissolver o parlamento e definir uma data para as novas eleições", disse Bennett em discurso transmitido por todos os canais de Israel, juntamente com Yair Lapid.
Bennett e Lapid reuniram em junho de 2021 uma coalizão única na história de Israel, composta por partidos de direita, centro, esquerda e, pela primeira vez, um partido árabe, para encerrar os 12 anos de Benjamin Netanyahu como chefe de goveno.
O acordo de coalizão Bennett-Lapid previa um rodízio entre ambos à frente do Executivo e a substituição de Bennett por Lapid em caso de dissolução do Parlamento. Se o projeto de lei para dissolver o Parlamento for aprovado pelos parlamentares, Yair Lapid se tornará primeiro-ministro de Israel até que o novo governo seja formado.
Yair Lapid se tornará primeiro-ministro "em breve", confirmou Bennett nesta segunda-feira, prometendo respeitar o acordo entre os dois.
Naftali Bennett "coloca os interesses do país à frente de seus interesses pessoais", disse Lapid, que já deveria ser primeiro-ministro durante a visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em 13 de julho, sua primeira a Israel desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2021.
A coalizão teve que enfrentar a questão da renovação da lei sobre os colonos, que permite que as leis israelenses sejam aplicadas aos mais de 475.000 colonos israelenses que vivem na Cisjordânia ocupada.
O texto, em vigor desde o início da ocupação israelense da Cisjordânia, em 1967, é ratificado a cada cinco anos pelo Parlamento, mas a oposição, que apoia majoritariamente essa lei, conseguiu em 6 de junho reunir a maioria dos votos contra a renovação do texto, esperando mostrar as tensões internas da coalizão.
A lei tinha que ser renovada antes de 30 de junho, ou os colonos israelenses na Cisjordânia perderiam sua proteção legal. No entanto, se a Câmara fosse dissolvida, a lei seria prorrogada automaticamente.
"Com a expiração dessa lei, Israel se arriscava a enfrentar problemas graves de segurança e um caos jurídico. Não podia aceitá-lo", disse Bennett, líder do grupo de direita radical Yamina, para justificar a dissolução do Parlamento.
Nas semanas anteriores a essa votação, a coligação já havia perdido a maioria, com a saída de uma deputada do partido Yamina. Desde a votação, outro membro do partido de direita, Nir Orbach, ameaça deixar de apoiar o governo.
Nesse contexto, a oposição liderada pelo ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção em uma série de casos, ameaçou apresentar um projeto de lei para dissolver o Parlamento no próximo dia 22. Mas a coalizão quis tomar a iniciativa e pediu a dissolução do Parlamento, que, se aprovada, levará a novas eleições em 25 de outubro, segundo a imprensa local.
As pesquisas mais recentes continuam situando o Likud, partido de Netanyahu (direita), na liderança das intenções de voto, mas sem ultrapassar o limite da maioria (61 deputados dos 120 no Parlamento) juntamente com seus aliados dos partidos ultraortodoxos e da extrema direita.
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