Dilma Rousseff: "o instrumento de julgamento político (impeachment) sem fundamento jurídico que o sustente é, de fato, um golpe parlamentar", advertiu a Frente Ampla (Roberto Stuckert Filho/PR/Fotos Públicas)
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2016 às 21h55.
Montevidéu - A Frente Ampla (FA), coalizão governista do Uruguai, manifestou nesta segunda-feira sua "total rejeição" à decisão da Câmara dos Deputados de aceitar o pedido de abertura de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, algo que considerou um "golpe de estado".
"O instrumento de julgamento político (impeachment) sem fundamento jurídico que o sustente é, de fato, um golpe parlamentar", advertiu a declaração do secretariado executivo da força governista uruguaia.
Além disso, o comunicado indicou que "não existe nenhuma acusação de ato de corrupção" sobre Dilma "enquanto existem investigações concretas contra 50% dos que votaram a favor do julgamento político".
Concretamente, a FA afirmou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, está "acusado de ter contas ilegais na Suíça vinculadas a propinas". Além disso, lembrou que o vice-presidente, Michel Temer, também já teve seu nome citado na Operação Lava Jato.
O agrupamento de partidos de esquerda do Uruguai afirmou também que o objetivo da direita brasileira ao cassar Dilma é "retomar o poder político e econômico para tirar o Brasil da liderança do processo de integração continental soberano e autônomo (Mercosul, Unasul, Celac)".
A declaração acrescentou que este movimento político persegue também o objetivo de "alinhar" o Brasil com "as políticas econômicas dos grandes centros de poder".
A coalizão política manifestou também sua "solidariedade" com a presidente e o PT.
"Não duvidamos da necessidade de que os setores populares mantenham seu alerta em defesa da democracia e contra as tentativas desestabilizadoras que percorrem o continente", acrescentou.
O documento lembrou que esta "arremetida continental da direita com golpes de estado de novo tipo" já teve seus efeitos com as destituições de Manuel Zelaya, em Honduras, e de Fernando Lugo, no Paraguai.
Neste domingo, a oposição reuniu no plenário da Câmara os 342 votos necessários para encaminhar o processo contra Dilma ao Senado, que a partir de amanhã iniciará os trâmites para decidir se será aberto o julgamento político da presidente, o que pode ser definido em 20 dias.
Se o plenário do Senado respaldar a posição da Câmara, Dilma será submetida a um julgamento com fins de cassação e deverá deixar o cargo por um prazo de 180 dias.
Nesse período, a presidência será ocupada por Temer, que há duas semanas rompeu com o governo e decidiu apoiar o processo visando o impeachment de Dilma.