Super Hornet F/A-18F voa após conduzir missão de bombardeio contra o EI na Síria (REUTERS/Mass Communication Specialist 3rd Class Brian Stephens/U.S. Navy)
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2014 às 13h56.
Aviões de combate franceses realizaram nesta quinta-feira ataques contra o grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque, depois da decapitação de um refém de seu país, enquanto os Estados Unidos e seus aliados árabes bombardearam refinarias controladas pelos jihadistas na Síria.
Estas operações fazem parte da ofensiva lançada pela coalizão dirigida pelos Estados Unidos para desmantelar, segundo o presidente Barack Obama, a rede da morte do EI, responsável por atrocidades nas regiões que controla no Iraque e na Síria.
Os bombardeios desta quinta-feira foram os segundos ataques da França desde que este país europeu se uniu à campanha aérea americana no Iraque, em 19 de setembro, anunciou o governo francês.
Estes ataques ocorrem um dia após o grupo Jund al-Khilafa (Soldados do Califa), vinculado ao EI, divulgar o vídeo da decapitação do refém francês Hervé Gourdel, um guia de montanhas de 55 anos sequestrado na Argélia, em represália pelos bombardeios franceses no Iraque.
O presidente francês, François Hollande, declarou em Nova York que este crime cruel e covarde reforçava sua determinação para combater o EI.
Hollande convocou nesta quinta-feira em Paris um conselho de Defesa para reforçar ainda mais a proteção dos cidadãos franceses.
O governo argelino prometeu, por sua vez, fazer todo o possível para encontrar os autores deste crime. Cerca de 3.000 militares buscavam nesta quinta-feira o corpo do refém francês e tentavam neutralizar seus assassinos, segundo uma fonte de segurança.
Quase 130 jihadistas estrangeiros mortos
Entre seus múltiplos atos, o EI, acusado de limpeza étnica e de crimes contra a humanidade, decapitou dois jornalistas americanos e um agente humanitário britânico sequestrados na Síria.
Pela primeira vez desde o início, na terça-feira, da ofensiva na Síria, os aviões de combate de Estados Unidos, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU) bombardearam no leste sírio 12 refinarias controladas pelo EI, anunciou o Pentágono.
Estas instalações produzem entre 300 e 500 barris de petróleo por dia e geram dois milhões de dólares de receitas diárias a esta organização extremista sunita, segundo estimativas do Pentágono. Os jihadistas vendem posteriormente o petróleo contrabandeado a intermediários nos países vizinhos.
Segundo uma ONG síria, quase 130 jihadistas estrangeiros e outros 12 sírios - 84 deles do EI e 57 da Al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda - morreram desde terça-feira nos ataques em regiões do norte e leste da Síria que fogem ao controle do regime. Os estrangeiros liquidados procediam de países europeus e árabes, mas também de Turquia e Chechênia.
Nos ataques 13 civis sírios também morreram, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Diante do temor dos países ocidentais de eventuais atentados em seus territórios no retorno dos jihadistas, o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou por unanimidade uma resolução que convoca os Estados, sob pena de sanções, a impedir que seus cidadãos se alistem em grupos extremistas.
Segundo os serviços secretos americanos, mais de 15.000 combatentes de 80 países diferentes se uniram a estes grupos no Iraque e na Síria nos últimos anos.
Combates na Síria e no Iraque
Além de Arábia Saudita e EAU, Bahrein, Catar e Jordânia também participam dos bombardeios na Síria, enquanto a França se uniu à ofensiva aérea americana no Iraque.
A Holanda anunciou que colocará a disposição da coalizão internacional seis aviões de combate F-16 e até 250 militares, enquanto a Bélgica mobilizará durante um mês outros seis F-16.
Já a Turquia - país fronteiriço com Iraque e Síria - pode fornecer um apoio militar e logístico. O parlamento britânico debaterá na sexta-feira o pedido de ajuda iraquiano nos bombardeios.
Em terra, as forças iraquianas continuavam lutando contra os jihadistas em várias frentes, em especial na província de Al-Anbar (oeste do Iraque).
Na Síria, devastada por mais de três anos de guerra civil, os combates prosseguiam entre rebeldes e tropas do regime, que retomaram nesta quinta-feira a cidade de Adra ao norte de Damasco, segundo um funcionário.
Os jihadistas continuavam cercando a cidade de Ain al-Arab (Kobane em curdo), próxima à fronteira com a Turquia, região que tentam ganhar depois de ter tomado 60 localidades nesta região síria.
O chefe da oposição síria no exílio, Hadi al-Bahra, pediu na quarta-feira às Nações Unidas mais armas e apoio para lutar contra o EI e contra o regime sírio.