Guerra no Iêmen: de acordo com fontes da coalizão foram registradas 563 violações no Iêmen e 163 na fronteira com a Arábia Saudita (Khaled Abdullah/Reuters)
AFP
Publicado em 21 de novembro de 2016 às 11h39.
O cessar-fogo no Iêmen não foi prorrogado após o fim do prazo, nesta segunda-feira, anunciou a coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita, que acusou os rebeldes xiitas huthis de violação reiterada da trégua de 48 horas.
"Ao meio-dia (7H00 de Brasília) acaba", declarou o general saudita Ahmed Asiri no momento em que terminava a trégua de 48 horas iniciada pela coalizão no sábado.
De acordo com fontes da coalizão foram registradas 563 violações no Iêmen e 163 na fronteira com a Arábia Saudita.
"O comunicado que anunciava (a trégua) indicou que aconteceria uma prorrogação automática se existisse respeito ao cessar-fogo", explicou o porta-voz da coalizão que apoia o presidente iemenita Abd Rabbo Mansour Hadi.
"Não houve nenhum respeito, apenas violações da trégua por parte dos rebeldes", afirmou o general.
"A nível militar não temos nenhuma ordem para prolongar o cessar-fogo. Acabou", disse o general Ahmed Asiri.
A guerra do Iêmen opõe as forças leais ao governo, apoiadas pela coalizão liderada pela Arábia Saudita, contra os rebeldes xiitas huthis, acusados de vínculos com o Irã.
O conflito começou durante o verão de 2014 com o avanço dos rebeldes para a capital, Sanaa, cidade que os insurgentes continuam controlando.
De acordo com a ONU, a guerra deixou mais de 7.000 mortos e quase 37.000 feridos desde sua intensificação com a intervenção da coalizão em março de 2015.
De fato, a nova trégua nunca foi respeitada, apesar de uma queda relativa da violência no domingo.
Os protagonistas da guerra civil trocaram acusações de desrespeito ao acordo e cada lado denunciou dezenas de violações do cessar-fogo por parte do inimigo.
Com a aproximação do fim do horário da trégua os combates se tornaram mais intensos.
No domingo, 15 rebeldes e nove soldados morreram em confrontos em Taez e seus arredores, no sudoeste do país, de acordo com fontes médicas e militares.
Quatro civis morreram e 11 ficaram feridos em ataques rebeldes contra bairros desta cidade, controlada por simpatizantes do presidente.
Nesta segunda-feira, as forças do presidente Abd Rabbo Mansour Hadi iniciaram uma ofensiva contra posições dos huthis, aliados dos partidários do ex-presidente Ali Abdallah Saleh, nas proximidades da cidade.
Ao mesmo tempo, caças da coalizão atacaram posições rebeldes em Nahm, ao norte de Saada, e na província de Saada, um reduto dos huthis.
A trégua iniciada no sábado aconteceu depois do fracasso de um cessar-fogo estimulado pelos Estados Unidos.
Os rebeldes aceitaram a iniciativa do secretário de Estado americano, John Kerry, que no entanto foi rejeitada pelo presidente iemenita, exilado na Arábia Saudita.