Mundo

CNT diz que insegurança na fronteira sul e riqueza de Kadafi ameaçam a Líbia

Rebeldes consideram que as forças fiéis a Kadafi já não representam perigo ao país

Rebeldes ampliaram em uma semana, até o próximo sábado, o prazo para rendição das localidades de Jafra, Sebha, Sirte e Bani Walid, ainda em poder dos homens de Kadafi (Patrick Baz/AFP)

Rebeldes ampliaram em uma semana, até o próximo sábado, o prazo para rendição das localidades de Jafra, Sebha, Sirte e Bani Walid, ainda em poder dos homens de Kadafi (Patrick Baz/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2011 às 16h36.

Benghazi - Após a queda do líder líbio, Muammar Kadafi, cujo paradeiro não é conhecido, os maiores riscos que espreitam a Líbia são a insegurança nas fronteiras do sul e a riqueza em poder do deposto ditador, revelaram neste sábado as autoridades rebeldes.

"A ameaça real que representa Kadafi é o dinheiro que está em suas mãos e o fato de as fronteiras do sul não estarem sob nosso controle", afirmou o presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafa Abdel Jalil, em uma concorrida entrevista coletiva em Benghazi, capital dos rebeldes.

Os rebeldes consideram que as forças fiéis a Kadafi já não representam perigo ao país, já que neste momento eles, os rebeldes, estão militarmente fortes.

"Podemos entrar em qualquer cidade e levar os rebeldes para qualquer região (do país)", gabou-se Abdel Jalil, quem em ato logo em seguida deixou claro que o desejo do CNT é evitar a destruição e proteger a população civil.

Por esse motivo, os rebeldes ampliaram em uma semana, até o próximo sábado, o prazo para rendição das localidades de Jafra, Sebha, Sirte e Bani Walid, ainda em poder dos homens de Kadafi.

"Esta ampliação (do prazo) não significa que não estejamos acompanhando de perto tudo que está acontecendo", acrescentou Abdel Jalil.

O chefe político dos revolucionários antecipou que os rebeldes "assediarão" essas cidades até que expire o ultimato, embora o CNT decidiu permitir a entrada de ajuda humanitária e restabelecer o reabastecimento de energia elétrica nessas cidades.

Mesmo assim, até o momento eles não receberam nenhuma resposta dos aliados de Kadafi.

Segundo Abdel Jalil, há algumas pessoas, que classificam de "personalidades importantes", que estão obstruindo as negociações feitas nessas cidades sobre a rendição.

"Essas áreas são tribais e a situação é delicada", advertiu o ex-ministro da Justiça do regime de Kadafi.


Com relação à mudança do CNT de Benghazi para Trípoli, assunto muito falado durante toda a semana, Abdel Jalil revelou que a transferência será feita de forma segmentada e completada somente no momento "da libertação" de todas as áreas controladas pelos leais ao derrubado líder líbio.

Isso não significa que o CNT ainda não esteja atuando na capital, porque, de fato, na sexta-feira mesmo membros de seu comitê executivo se reuniram com responsáveis de segurança para coordenar esforços e distribuir tarefas.

Abdel Jalil admitiu a ocorrência de "algumas brechas na segurança causada por pessoas vinculadas ao regime de Kadafi em parte áreas" de Trípoli.

Ele desmentiu, entretanto, informações divulgadas pela imprensa de que, após a vitória, o CNT vai recolher as armas em poder dos rebeldes da capital.

"Não há nenhuma decisão ou intenção do CNT de recolher as armas dos homens fiéis a Kadafi de Trípoli ou de expulsá-los da cidade como mencionaram algumas informações", garantiu Abdel Jalil.

O presidente do CNT chegou na sexta-feira à noite a Benghazi a partir da França. Ele participou no dia 1º de setembro na capital francesa de uma conferência internacional sobre a reconstrução da Líbia, com a participação de 60 países.

Abdel Jalil demonstrou satisfação com os resultados da reunião de Paris e apontou que nela se resolveu a continuação das operações para proteger aos civis até que acabe a ameaça de Kadafi, o apoio financeiro e a libertação de uma grande quantidade de fundos líbios congelados no estrangeiro.

Além disso, reiterou que para eles é muito importante "o apoio político representado no reconhecimento internacional ao CNT", que deve levar a máxima autoridade rebelde a ter uma representação diante da ONU.

Abdel Jalil mencionou ainda que "as vitórias não teriam ocorrido sem a ajuda da aliança internacional e os líbios nunca esquecerão do apoio oferecido".

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaCrises em empresasLíbiaMuammar KadafiPolíticos

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições