Bispos da CNBB: a crise financeira nos Estados Unidos e países europeus pesará na construção de uma agenda mundial de preservação ambiental e sustentabilidade (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2012 às 16h33.
Brasília – A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, chega ao fim com um retrocesso quando se comparam seus resultados com os avanços obtidos na conferência anterior, a Eco 92. A análise foi feita pelo Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), após dois dias de debates.
Os bispos católicos questionaram principalmente o que classificaram de "desvio" dos dirigentes mundiais no trato da educação como instrumento capaz de resultar em relações novas e éticas com o meio ambiente. O secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, disse que a economia verde defendida pelas autoridades governamentais foge do debate central de desenvolvimento de uma política ambiental que promova o crescimento sustentável.
“A Rio+20 indica uma resposta a essas questões com a chamada economia verde. Se esta, em alguma medida, significa a privatização e a mercantilização dos bens naturais, como a água, os solos, o ar, as energias e a biodiversidade, então ela é eticamente inaceitável”, diz o documento final do conselho.
Dom Leonardo Steiner, que coordenou os trabalhos sobre o tema durante a reunião dos bispos e arcebispos, destacou que a própria medida provisória (MP) do Código Florestal, em análise no Congresso, mostra o “descuido” dos governantes quando o tema em questão é o meio ambiente.
Segundo ele, a MP apresenta pontos de retrocesso na legislação ambiental. Ele citou, por exemplo, o tratamento dado pelo governo à preservação de matas ciliares nas margens de rios, riachos e córregos. “Isso não tem avançado”.
Para o secretário-geral da CNBB, a crise financeira nos Estados Unidos e países europeus pesará na construção de uma agenda mundial de preservação ambiental e desenvolvimento com sustentabilidade.
O bispo defendeu a retirada do documento final da Rio+20 do ponto que tratava do direito reprodutivo da mulher. Para ele, além das questões ambientais, os dirigentes introduziram no texto assuntos que não guardavam relação com o tema em debate. O veto ao direito reprodutivo foi feito pelos representantes do Vaticano na reunião de cúpula.