Taiwan (Foto/Getty Images)
Ligia Tuon
Publicado em 14 de abril de 2020 às 16h35.
Última atualização em 14 de abril de 2020 às 21h04.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) não tem só que se preocupar com os casos confirmados de coronavírus, que praticamente dobraram em 11 dias, chegando a quase 2 milhões nesta terça-feira, 14. A instituição vem sendo acusada de não ter questionado a versão inicial chinesa sobre a covid-19, quando Pequim sustentava que o vírus não era transmitido de um ser humano para outro. Esse caldo ferveu ainda mais no último final de semana.
Tawain apontou o dedo para a OMS no sábado, 11, ao revelar que até hoje não recebeu uma resposta a um e-mail enviado para a organização no dia 31 de dezembro no qual perguntava se a contaminação poderia acontecer entre as pessoas.
O governo de Tawain, uma ilha a 130 quilômetros da China, diz que não recebeu, em momento algum, nenhum tipo de informação sobre a pandemia. Para Taipé, o motivo do descaso tem raízes em Pequim. A China alega que a ilha pertence a seu território. Desde 1949, Taiwan tem a sua própria constituição e é governada separadamente da China, que ainda não absorveu o divórcio.
O governo chinês barrou a entrada de Tawain na OMS. Pequim alega que a ilha faz parte de seu território e não tem o direito de integrar organizações internacionais.
Em um pronunciamento na capital Taipé no sábado, o ministro de saúde, Chen Shih-chung, leu o e-mail que foi enviado para a OMS no final do ano passado e expressou o seu descontentamento com a organização. “Notícias veiculadas na mídia indicam que ao menos sete casos atípicos de pneumonia foram reportados em Wuhuan há mais de três meses”, disse. “As autoridades de saúde locais afirmaram que não parecia ser casos de SARS, mas nada foi feito”. O médico chinês Li Wenliang, de 34 anos, foi um dos primeiros a identificar o novo coronavírus. Ele e outros sete médicos alertaram as autoridades. O grupo foi presos sob a acusação de difundir boatos.
A China só confirmou o primeiro caso de transmissão da covid-19 no dia 20 de janeiro, semanas depois que a doença já tinha se espalhado. Taiwan sabia que havia casos estranhos de pessoas com sérias dificuldades respiratórias na China desde o final de 2019 e por isso começou a testar a população no dia 31 de dezembro. Essa medida, junto à aplicação maciça de testes no território e outras estratégias de contenção, foi importante para manter a transmissão sob controle. Hoje, Taiwan tem apenas 393 casos confirmados de coronavírus, um dos índices mais baixos do mundo.