Mundo

Cinzas de Fidel fazem maratona rumo a berço da revolução

O cortejo que transporta suas cinzas levará três dias para percorrer o trajeto de 900 quilômetros através da ilha até Santiago de Cuba, no leste

Cortejo: a caixa com cinzas de Fidel foi colocada em um invólucro de vidro, instalado em um reboque puxado por um jipe militar verde (Alexandre Meneghini/Reuters)

Cortejo: a caixa com cinzas de Fidel foi colocada em um invólucro de vidro, instalado em um reboque puxado por um jipe militar verde (Alexandre Meneghini/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 30 de novembro de 2016 às 17h56.

Havana - Adornadas com o vermelho, o branco e o azul da bandeira de Cuba, as cinzas de Fidel Castro foram levadas através de Havana nesta quarta-feira, iniciando uma jornada que irá cruzar a ilha rumo a um local de repouso definitivo, no leste do país, onde os primeiros tiros da Revolução Cubana foram disparados.

Fidel, que governou Cuba por meio século, até 2008, e construiu um Estado comunista na vizinhança dos Estados Unidos, morreu na sexta-feira aos 90 anos de idade, mergulhando a nação caribenha em luto de nove dias.

Ele foi cremado no sábado. O cortejo que transporta suas cinzas levará três dias para percorrer o trajeto de 900 quilômetros através da ilha até Santiago de Cuba, no leste, refazendo a rota usada por seus revolucionários barbudos em sua marcha vitoriosa rumo a Havana em 1959.

O cortejo saiu lentamente da Praça da Revolução na manhã desta quarta-feira e seguiu ao longo do Malecón, a avenida beira-mar da capital. Milhares de pessoas se colocaram ao longo do trajeto, muitos acenando pequenas bandeiras cubanas.

A caixa com cinzas de Fidel foi colocada em um invólucro de vidro, instalado em um reboque puxado por um jipe militar verde, e cercado de flores brancas.

"Viemos ver as cinzas porque ele fez história", disse Cecilio Salgado, de 58 anos, que viajou dos arredores de Havana para dar adeus a Fidel. "Ele merece uma homenagem como esta. Ele é a melhor coisa que poderia nos ter acontecido."

O sepultamento irá acontecer na manhã de domingo.

Na noite de terça-feira, dezenas de milhares de cubanos, além de líderes esquerdistas aliados de Cuba e de outros países em desenvolvimento, se reuniram na Praça da Revolução de Havana para uma cerimônia em homenagem a "El Comandante".

"Ele mais do que cumpriu sua missão nesta terra", disse o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cujo governo auxilia a economia combalida da Cuba vendendo petróleo em condições favoráveis, à enorme plateia.

"Poucas vidas foram tão completas, tão brilhantes. Ele partiu invencível."

Fidel era admirado por muitos em todo o mundo, especialmente na América Latina e na África, por ter enfrentado os EUA, instituído educação e saúde gratuitas e por ter enviado médicos por todo o planeta em missões de misericórdia.

Mas outros o criticavam por ser um ditador que arruinou a economia com sua modalidade de socialismo e que negou aos cubanos direitos humanos básicos, como a liberdade de expressão.

Cerca de dois milhões de cubano-americanos vivem nos EUA, resultado de um fluxo constante de pessoas que deixaram a ilha por motivos políticos e econômicos.

Com um salário estatal médio equivalente a 25 dólares por mês, muitos jovens cubanos procuram maneiras de partir, vendo pouco futuro em sua terra natal.

Um manto de silêncio tomou as ruas normalmente fervilhantes de Havana desde que o período de luto teve início. As autoridades proibiram música ao vivo e suspenderam a temporada profissional de beisebol e a venda de bebidas alcoólicas, a não ser nos grandes hotéis para turistas.

Em toda a nação, cubanos fizeram fila para assinar livros de condolência e promessas de honrar a ideologia socialista de Fidel. A mídia oficial continua a prestar homenagens sem parar.

Acompanhe tudo sobre:CubaFidel CastroMortes

Mais de Mundo

Trump assina ordem executiva para taxas de 104% contra a China; medida vale a partir desta quarta

Trump assina decretos para impulsionar mineração de carvão nos EUA

Casa Branca diz que cerca de 70 países pediram para negociar tarifas

Canadá anuncia que tarifas sobre alguns veículos dos EUA entram em vigor na quarta