O diretor do Reator Internacional Termonuclear Experimental aposta nas duas energias (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 8 de fevereiro de 2012 às 16h57.
Madri - O diretor-geral adjunto do Reator Internacional Termonuclear Experimental (Iter, na sigla em inglês), Carlos Alejaldre, demonstrou confiança de que no futuro as necessidades energéticas de toda a humanidade poderão ser supridas unicamente pela energia solar e de fusão.
Em entrevista à Agência Efe, Alejaldre explicou que o estado do Iter, em construção em Cadarache, no sudeste da França, tenta reproduzir as reações de fusão que ocorrem no sol e outras estrelas para gerar energia.
"Desde julho de 2010 estamos construindo os prédios. É uma etapa importante e todos os membros reafirmaram seu compromisso com o orçamento", destacou.
No projeto de mais de 10 bilhões de euros, além da União Europeia - que assume 45% dos custos de construção - participam a China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Rússia e Estados Unidos.
O objetivo do Iter (em latim "caminho") é comprovar a viabilidade científica e tecnológica da fusão como fonte energética e extrair dez vezes mais energia do que a que for introduzida.
A energia de fusão, frente à dos atuais reatores nucleares, é segura, pois quase não produz resíduos radioativos e os especialistas defendem que embora tenham uma atividade de 100 anos, no pior cenário o impacto para a humanidade seria como fumar dois ou três maços de cigarros em um só dia na vida.
Desde o nascimento desse projeto, em 2006, o principal problema surgiu em consequência dos danos que o terremoto e o tsunami ocorridos em Fukushima provocaram em várias instalações japonesas.
"Trabalhamos com o Japão e os demais membros para analisar como poderíamos minimizar o efeito desse fenômeno, além de termos feito uma série de mudanças e alterado o calendário. Agora vimos que o impacto vai ser reduzido em um ano", indicou o cientista.
Se o projeto Iter for bem-sucedido, Alejaldre estima que por volta de 2050 possa ser introduzida energia elétrica de uma máquina baseada na fusão.
"A partir dos anos 40 ou 50 (deste século) me atreveria a prever o uso em massa dessa tecnologia", opinou.
Isso "representaria a produção de energia elétrica em massa, mas provavelmente teria de ser complementada com outras formas de energia mais flexíveis".
O diretor-geral adjunto disse ainda que se o projeto demonstrar que pode gerar eletricidade mais barata e se combinar com um vetor energético como o hidrogênio, "que poderia ser produzido de um modo mais simples", então estaremos diante de "uma sociedade diferente, na qual o petróleo praticamente não terá nenhum valor energético", ressaltou.
"Acredito que o mundo no futuro girará em torno de duas fontes, ambas solares: a fusão e a solar. Acho que com essa combinação poderemos suprir as necessidades de toda a humanidade em qualquer momento", indicou.