Usina de Chernobyl: a radiação liberada pela central continua afetando milhares de habitantes de Belarus, Ucrânia e Rússia (Sergey Supinski/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de agosto de 2012 às 16h38.
Kiev - A cidade ucraniana de Chernobyl, que deu nome à usina que em 1986 sofreu a maior catástrofe nuclear da história, está apta para a vida humana, assegurou nesta quarta-feira Oleg Bondarenko, membro da Comissão Nacional para Defesa da Radiação.
"Segundo os indicadores radiológicos, praticamente não há impedimento para a vida humana na cidade de Chernobil", disse Bondarenko em entrevista coletiva, segundo as agências locais.
Bondarenko afirmou que "a legislação proíbe morar na zona de exclusão" de 30 quilômetros de perímetro em torno da fábrica, estabelecida após o acidente. "Acho que é hora de pensar que parte da área pode ser aberta para seu uso sem restrições", disse, divulgaram pelas agências locais.
O analista considera que deveria ser autorizada a residência aos funcionários que se encarregam de supervisionar a segurança do local. "Para ser sincero, já tem muita gente que vive e trabalha ali, mas às escondidas. Existe uma situação de fato e outra legal que estão deslconectadas e é preciso uní-las para trazer a situação de volta à normalidade", disse.
Bondarenko também acredita que no futuro poderiam ser permitidas atividades econômicas como a exploração de gado ou o cultivo de linho.
Recentemente, 35 antigos residentes da área se manifestaram via carta ao primeiro-ministro ucraniano, Nikolai Azárov, para que o governo os permita retornar a seus antigos lares. Os signatários da carta argumentam que os níveis de radiação na região são menores que na capital, Kiev, e se mostraram dispostos a reconstruir a cidade e suas empresas. Bondarenko e outros especialistas insistem em que os níveis de radiação na área de exclusão diferem de uma zona para outra.
As autoridades locais já abriram as portas de um dos lugares mais inóspitos da Terra aos turistas estrangeiros. No entanto, antes de obter a permissão para viajar ao local, os visitantes devem assinar um contrato pelo qual a administração se exime de toda responsabilidade por qualquer prejuízo à saúde do visitante.
A estadia na zona não supera as 6 horas, período durante o qual não se pode fumar, sair do itinerário oficial, beber álcool, acender uma fogueira e, certamente, tocar ou pegar objetos, sejam restos, plantas ou simples pedras.
No dia 26 de abril, por ocasião do 26º aniversário do acidente, foi iniciada a construção do novo sarcófago que deve garantir durante o próximo século a segurança do danificado quarto reator.
A radiação liberada pela central continua afetando milhares de habitantes de Belarus, Ucrânia e Rússia, onde se encontram 70% dos quase 200 mil quilômetros quadrados de terrenos contaminados.