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Cidade da Índia transforma montanha de lixo em dinheiro

A tarefa é gigantesca, mas a abordagem em Mysuru mostra como o país poderia mudar sua imagem de depósito de lixo

Cidades indianas estão entre as maiores geradoras de lixo do mundo, produzindo cerca de 62 milhões de toneladas de resíduos por ano. (© 2018 Bloomberg L.P/Bloomberg)

Cidades indianas estão entre as maiores geradoras de lixo do mundo, produzindo cerca de 62 milhões de toneladas de resíduos por ano. (© 2018 Bloomberg L.P/Bloomberg)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 6 de janeiro de 2018 às 07h35.

Última atualização em 6 de janeiro de 2018 às 07h35.

Nova Délhi - São 6:30 na cidade de Mysuru, na Índia, e as ruas se enchem com o som de apitos, enquanto trabalhadores com aventais verde-oliva e luvas de borracha começam uma busca porta a porta. Eles vão coletar um dos maiores recursos inexplorados da Índia: o lixo.

A população de cerca de 1 milhão de habitantes da cidade, que fica na região sul e também é conhecida como Mysore, está na vanguarda de uma campanha do primeiro-ministro Narendra Modi para limpar o país e reciclar o lixo para compostagem e fornecimento de eletricidade. A tarefa é gigantesca, mas a abordagem em Mysuru – que combina a disponibilidade de mão de obra barata com métodos tradicionais e usinas modernas -- mostra como o país poderia mudar sua imagem de depósito de lixo.

As cidades da Índia estão entre as maiores geradoras de lixo do mundo, produzindo cerca de 62 milhões de toneladas de resíduos por ano. Apenas cerca de 82 por cento desse lixo é coletado e somente 28 por cento é tratado e processado. A maior parte vai parar em aterros sanitários, lixões a céu aberto ou simplesmente no chão, muitas vezes obstruindo rios e bueiros.

A recente e rápida expansão da economia da Índia transformou sua fama de país com falta de saneamento básico e com ruas sujas em uma verdadeira crise. O aumento da riqueza e do consumo e a crescente urbanização poderiam fazer com que a quantidade de resíduos sólidos urbanos se tornem cinco vezes maiores até 2051, de acordo com um artigo publicado em 2016 por pesquisadores da Universidade Jamia Millia Islamia, de Nova Déli.

As cidades que conseguirem encontrar uma maneira barata de lidar com o problema poderiam obter benefícios inesperados em matéria de investimento e em termos de uma comunidade mais saudável.

"Nós não queremos que o lixo seja desperdiçado; queremos extrair riqueza daí", diz D.G. Nagaraj, diretor de Saúde da Mysuru City Corporation. "Aterro zero é o nosso lema."

"A separação de resíduos é muito importante, mas é apenas uma parte da história", disse Swati Sambyal, gerente de programa do Centro de Ciência e Meio Ambiente de Nova Déli. "A maioria dos municípios indianos não tem recursos humanos, veículos, infraestrutura nem receita suficientes para fazer a separação."

Auxílio federal

Como a maioria dos novos sistemas de reciclagem que estão surgindo, o de Mysuru depende em parte do apoio do governo. O governo federal começou a oferecer no ano passado subsídios para criar usinas de compostagem e para administrá-las.

Os incentivos ajudaram a aumentar a produção nacional de compostagem de resíduos de 0,15 milhão de toneladas em março de 2016 para 1,31 milhão de toneladas em agosto de 2017. O investimento em instalações para transformar resíduos em compostagem ou energia pode chegar a US$ 3 bilhões até 2027, de acordo com estimativas da câmara de comércio e indústria Assocham em um relatório de 2015.

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