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CIA entregou milhões a gabinete presidencial afegão, diz NYT

Segundo o jornal, dinheiro serviria para comprar influência, mas acabou alimentando a corrupção e fortalecendo líderes guerrilheiros


	John Kerry cumprimenta Hamid Karzai: presidente afegão disse que o Conselho de Segurança Nacional há dez anos recebe ajuda financeira dos EUA
 (Evan Vucci/Reuters)

John Kerry cumprimenta Hamid Karzai: presidente afegão disse que o Conselho de Segurança Nacional há dez anos recebe ajuda financeira dos EUA (Evan Vucci/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2013 às 09h46.

Dezenas de milhões de dólares foram entregues em dinheiro vivo pela CIA em maletas, mochilas e sacos plásticos ao gabinete do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, por mais de uma década, disse o jornal The New York Times citando ex e atuais assessores do líder afegão.

O chamado "dinheiro fantasma" serviria para comprar influência para a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês), mas acabou alimentando a corrupção e fortalecendo líderes guerrilheiros, o que abalou a estratégia norte-americana para deixar o Afeganistão, segundo fontes oficiais dos EUA ouvidas pelo jornal.

"A maior fonte de corrupção no Afeganistão foram os Estados Unidos", disse um funcionário norte-americano.

A CIA não quis comentar a reportagem, e o Departamento de Estado dos EUA não se pronunciou de imediato. O The New York Times não publicou declarações de Karzai nem do seu gabinete.

"Chamamos isso de ‘dinheiro fantasma'", disse ao Times Khalil Roman, que foi chefe de gabinete de Karzai entre 2002 e 2005. "Ele chegava em segredo e saía em segredo." Não há indícios de que Karzai tenha recebido o dinheiro diretamente, segundo relato de funcionários afegãos ao jornal. A verba era administrada pelo seu Conselho de Segurança Nacional, acrescentou o NYT.

Em resposta à reportagem, Karzai disse a jornalistas em Helsinque, depois de uma reunião com líderes finlandeses, que o Conselho de Segurança Nacional do Afeganistão há dez anos recebe ajuda financeira dos EUA. As quantias, segundo ele, "não eram grandes", e eram usadas para vários propósitos, como auxílio a feridos.

"É uma assistência multipropósito", afirmou ele, sem comentar as alegações de que o dinheiro teria alimentado a corrupção ou fortalecido guerrilhas.

Mas, em Cabul, Janan Mosazai, porta-voz da chancelaria, disse a jornalistas que não há provas ou indícios sobre as alegações.

Durante mais de uma década, o dinheiro era deixado mais ou menos todos os meses no gabinete presidencial afegão, segundo o Times. A distribuição de verbas é um procedimento padrão da CIA no Afeganistão desde o início da guerra.

Os pagamentos aparentemente não estavam sujeitos à supervisão e às restrições impostas à ajuda oficial dos EUA ou aos programas formais de assistência da CIA, como o financiamento de agências afegãs de inteligência. No entanto, essa operação aparentemente não violava leis norte-americanas, segundo o jornal.

Fontes oficiais norte-americanas e afegãs familiarizadas com os pagamentos disseram que o principal objetivo da verba era manter acesso a Karzai e ao seu círculo íntimo, e garantir a influência da CIA no palácio presidencial, que tem enorme poder no centralizado sistema de governo do Afeganistão.

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