Mundo

Christine Lagarde: uma aura internacional obtida com a crise

Nicolas Sarkozy decidiu impulsionar a candidatura da ex-ministra francesa de Finanças, apesar de um processo judicial que pode manchar sua imagem na França

Christine Lagarde chega ao FMI para tomar posse como nova diretora-geral do órgão (Win McNamee/Getty Images)

Christine Lagarde chega ao FMI para tomar posse como nova diretora-geral do órgão (Win McNamee/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2012 às 09h23.

Paris - Defensora das relações com os Estados Unidos antes de se tornar um elemento fundamental da política de Nicolas Sarkozy, a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, de 55 anos, que assumiu nesta terça-feira como diretora-gerente do FMI, adquiriu notoriedade internacional com a crise.

Após a queda de Dominique Strauss-Kahn, o presidente francês decidiu impulsionar a candidatura desta mulher elegante de cabelos quase brancos, queridinha da imprensa anglo-saxã, apesar de um processo judicial que pode manchar sua imagem na França.

A justiça se pronunciará no dia 8 de julho sobre uma eventual investigação de Lagarde por abuso de autoridade em um caso muito complexo envolvendo o empresário Bernard Tapie.

"Tenho a consciência perfeitamente tranquila", afirmou diversas vezes nas últimas semanas Christine Lagarde em relação ao recurso a uma arbitragem privada para regular um litígio que custará aos contribuintes franceses 385 milhões de euros.

Este caso ofusca o fim do mandato de quatro anos de Christine Lagarde à frente do poderoso Ministério da Economia e das Finanças, um recorde de longevidade na França.

Embora fosse a favorita da influente imprensa econômica anglo-saxã, ela realizou uma verdadeira peregrinação nas últimas semanas para ganhar a confiança dos países emergentes, prometendo dar a estes um lugar ao sol no FMI.


Há algumas semanas, o New York Times citando Kenneth S. Rogoff, ex-economista-chefe do FMI e professor em Harvard, explicou que Christine Lagarde era recebida praticamente em todos os lugares "como uma estrela de rock".

No mesmo caminho, o Financial Times a considerou a ministra das Finanças de 2009 por seu "desempenho" internacional frente à mais grave recessão mundial do pós-guerra, enquanto a revista americana Forbes a colocou como a 17ª mulher mais poderosa do mundo.

Considerada dura e arrogante por seus críticos, Lagarde construiu grande parte de sua carreira nos Estados Unidos, aonde chegou à presidência do Baker & Mckenzie, conhecido escritório de advocacia empresarial.

Nascida de pais professores no dia 1º de janeiro de 1956 em Paris, Christine Lagarde é formada em Ciência Política, concluiu um mestrado em Inglês e também é diplomada em Direito Social e da Concorrência.

Seus aliados elogiam a sua "cultura da negociação multilateral" e suas "redes". Ela explica que as mulheres "projetam menos libido, menos testosterona" na política. "Isso ajuda" a "não investir necessariamente nossos egos em uma negociação", disse ela em outubro de 2010 à rede americana ABC.

Para esta ex-campeã de nado sincronizado, mãe de duas crianças, a estreia na arena política francesa também foi marcada por tropeços.

Logo depois de chegar de Chicago em junho de 2005 para integrar o governo no área de Comércio Exterior, ela foi advertida por ter criticado o Direito Social francês - que protege o trabalhador -, por suas afirmações manifestando uma sensibilidade liberal americana demais.

Depois de chegar à Presidência da França, Nicolas Sarkozy a colocou em posição de destaque em junho de 2007: após uma passagem relâmpago pela Agricultura, ela se tornou a primeira ministra da Economia e das Finanças. Hoje, o presidente francês e seus colegas europeus esperam que sua presença em Washington ajude a resolver a grave crise que ameaça a Grécia e toda a Zona do Euro.

Acompanhe tudo sobre:ChefesChristine LagardeEconomistasFMI

Mais de Mundo

Elon Musk promete encolher o governo dos EUA e cortar US$ 2 trilhões, mas terá dificuldades

Tribunal israelense nega pedido de Netanyahu para adiar seu julgamento por corrupção

Biden recebe Trump no Salão Oval da Casa Branca para iniciar transição

Nicarágua nega na ONU que viole direitos humanos de cidadãos