Com 55 anos, Lagarde se transformaria na primeira mulher a chegar à direção do FMI (Dominique Charriau/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2012 às 09h34.
Paris - A francesa Christine Lagarde, favorita para dirigir o Fundo Monetário Internacional (FMI) após a renúncia de Dominique Strauss-Kahn, conquistou um amplo apoio por sua sólida carreira, a liderança no Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes) e a gestão da crise do euro.
A ministra de Economia e Finanças francesa chegaria ao FMI após uma longa trajetória profissional nos Estados Unidos dentro do escritório Baker&McKenzie, no qual começou a trabalhar primeiro na sede em Paris como advogada associada em 1981, e do qual em 1999 foi escolhida presidente do comitê executivo mundial.
Em 2004, chegou à presidência do comitê estratégico mundial, e largou o emprego um ano depois para entrar no governo do então presidente francês, Jacques Chirac, como vice-ministra de Comércio Exterior.
"Deixei há seis anos e meio minha feliz vida profissional americana para me colocar a serviço do país", declarou em meados deste mês ao explicar o que a fez se incorporar à vida política.
Com essa declaração, buscava também se afastar de um assunto que ameaça manchar seu currículo, o suposto abuso de autoridade cometido na indenização ao empresário Bernard Tapie pela venda da Adidas em 1992, e pelo qual a Justiça francesa pediu a abertura de um procedimento contra ela.
Trata-se de um dos poucos obstáculos que podem freá-la na corrida aberta para suceder Strauss-Kahn à frente do FMI, e para a qual conta com o apoio, entre outros, dos três pesos pesados da União Europeia (UE): França, Reino Unido e Alemanha.
Com 55 anos, Lagarde, advogada e mãe de dois filhos, se transformaria na primeira mulher a chegar à direção do FMI, da mesma maneira como também foi a primeira ministra de Economia e Finanças da França.
A esse cargo chegou em junho de 2007, após um breve período como ministra de Agricultura e Pesca no início do mandato do presidente Nicolas Sarkozy, e seus defensores destacam sua longevidade em um departamento, o de Finanças, que nos sete anos anteriores havia sido ocupado por várias pessoas.
Lagarde também é louvada por seu perfeito domínio do inglês e seu trabalho na gestão da crise econômica e financeira iniciada em 2008, tempo em que construiu sua reputação, assim como durante a presidência rotativa francesa do G20, cargo que será ocupado pelo país até o final de novembro.
A controvérsia sobre o empresário e ex-ministro socialista Tapie poderia penalizá-la, mas a ministra conta com o apoio de Sarkozy, que afirmou que "é uma mulher destacável" que dispõe de toda sua confiança.
Em 2009, Lagarde ocupou a 17ª posição na lista das mulheres mais poderosas do planeta elaborada pela revista "Forbes" e a quinta entre as executivas europeias realizada pelo "Wall Street Journal". Nesse mesmo ano, o "Financial Times" concedeu-lhe o título de melhor ministra de Finanças da UE.
O secretário de Estado de Transportes francês, Thierry Mariani, se manifestou convencido de que Lagarde "seria uma ótima candidata" para ficar à frente do FMI, apesar da ministra, cautelosa, ter afirmado que "qualquer candidatura deverá partir dos europeus, todos juntos".
A direção do FMI é ocupada por enquanto pelo número dois da instituição, John Lipsky, mas como afirmou nesta quarta-feira a porta-voz chefe da Comissão Europeia, Pia Ahrenkilde, a nomeação de um europeu seria a opção "natural", dando continuidade ao pacto não escrito segundo o qual um europeu é encarregado de dirigir o FMI e um americano, o Banco Mundial.