Mundo

Choque entre proprietários rurais e Kirchner por confisco

O governo de Kirchner deu um prazo de 30 dias, a partir desta quarta-feira, à Sociedade Rural para desalojar o enorme prédio no elegante bairro portenho de Palermo

Cristina Kirchner, acena na Praça de Maio: as autoridades argumentam que a Sociedade Rural pagou "um preço insignificante" de 30 milhões de dólares em 1991 pelo imóvel (©afp.com / Alejandro Pagni)

Cristina Kirchner, acena na Praça de Maio: as autoridades argumentam que a Sociedade Rural pagou "um preço insignificante" de 30 milhões de dólares em 1991 pelo imóvel (©afp.com / Alejandro Pagni)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2012 às 15h17.

Buenos Aires - Os empregadores agropecuários da Argentina realizam nesta quarta-feira uma paralisação de 24 horas contra a decisão do governo de confiscar um valioso prédio da poderosa Sociedade Rural, em um novo enfrentamento entre o setor rural e a presidente Cristina Kirchner.

"Nesta quarta-feira, 1.382 cabeças de gado foram embarcadas em 34 caminhões", disse à AFP uma fonte do Mercado de Fazenda de Liniers em Buenos Aires, o maior centro de referência da Argentina, quando o normal nesta época do ano são 5.000 cabeças.

O governo de Kirchner deu um prazo de 30 dias, a partir desta quarta-feira, à Sociedade Rural para desalojar o enorme prédio no elegante bairro portenho de Palermo, após anunciar na sexta-feira o confisco do imóvel, disse o presidente da Sociedade Rural, Luis Etchevehere, que acrescentou que a entidade apelará da medida na Justiça.

As autoridades argumentam que a Sociedade Rural pagou "um preço insignificante" de 30 milhões de dólares em 1991 pelo imóvel, quando a Suprema Corte o avaliou em 131,8 milhões de pesos (então o mesmo valor em dólar por paridade cambial)

A medida é "um ataque concreto, é querer confiscar um bem através de um castigo a um setor a partir do qual defendemos nossa dignidade e nossos direitos", disse Etchevehere em declarações ao canal TN.

O dirigente agropecuário acrescentou que a decisão da presidente Kirchner está relacionada ao conflito de quase quatro meses que, em 2008, opôs proprietários e governo por causa de um aumento de impostos às exportações.

O ministro da Agricultura, Norberto Yauhar, considerou que a paralisação realizada pelas quatro maiores entidades agropecuárias do país reunidas na Mesa de Enlace tem "interesses políticos" e defendeu a decisão oficial de tomar posse do prédio.

O prédio, de 114.620 m2, da Sociedade Rural, se transformou em um dos centros de exposições mais importantes do país.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCristina KirchnerPolítica no BrasilPolíticosProtestos

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA