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'Choque e pavor' de Milei agrada bilionários, mas assusta população, diz jornal americano

Quase 60% dos argentinos vivem hoje na pobreza, contra 44% em dezembro

Milei vem cortando de maneira firme os gastos públicos; situação fiscal melhorou (Juan MABROMATA/AFP Photo)

Milei vem cortando de maneira firme os gastos públicos; situação fiscal melhorou (Juan MABROMATA/AFP Photo)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 13 de maio de 2024 às 09h52.

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A revolução prometida pelo presidente da Argentina, Javier Milei, ao ser empossado em dezembro trouxe certa calmaria ao mercado financeiro mas, ao mesmo tempo, causa profundas dificuldades à população, segundo o The Wall Street Journal.

Segundo a Universidade Católica, quase 60% dos argentinos vivem hoje na pobreza, contra 44% em dezembro. Entre algumas das consequências para a população das políticas de Milei estão o fechamento de agências governamentais que custaram milhares de empregos.

A construção civil, por exemplo, parou depois que autoridades suspenderam quase 90% das obras públicas.

Um dos símbolos da gastronomia argentina, a carne bovina, sumiu dos pratos dos portenhos. Seu consumo é o mais baixo décadas, embora as autoridades digam que as exportações de carne bovina estão nos níveis mais altos desde 1967.

Milei diz que a sua reforma econômica é necessária para restaurar a prosperidade de uma nação falida, devastada pela inflação mais elevada do mundo. Sua personalidade excêntrica e os remédios amargos para o "choque e pavor" na economia atraíram profundo interesse de bilionários como Elon Musk, Peter Thiel e Stanley Druckenmiller, o trader que disse à CNBC que tinha comprado ações argentinas na esperança de ver uma eventual recuperação econômica.

“Pela primeira vez em 150 anos estamos criando as condições para converter todos estes dons que Deus nos deu numa promessa de prosperidade”, disse Milei numa conferência recente.

Desde que foi eleito, Milei sempre disse que as mudanças não seriam fáceis - um dos seus símbolos foi uma motosserra atacando a inflação cortando os generosos gastos públicos em tudo, desde subsídios energéticos a empresas estatais ineficientes.

Economistas ligados ao governo dizem que, apesar do quadro de crise, o pior já passou.

De acordo com o WSJ, os dados de inflação de abril, esperados para terça-feira, devem mostrar um aumento de um dígito, abaixo da taxa mensal de 25% em dezembro. No primeiro trimestre, o governo registou um superávit– o primeiro em 16 anos – ao interromper a impressão descontrolada de dinheiro que alimentava a inflação, traço marcante dos anos recentes do kirchnerismo. Isso fez com que o peso se estabilizasse.

E embora as reservas do Banco Central ainda estejam criticamente baixas, o governo acumulou cerca de US$ 12 bilhões nos últimos meses, de acordo com o Instituto de Finanças Internacionais.

Milei espera que o Senado aprove nas próximas semanas um projeto de lei com cerca de 230 artigos que privatizaria algumas empresas estatais, afrouxaria as rígidas regulamentações trabalhistas e aumentaria a receita do governo ao restaurar o imposto de renda que foi eliminado no ano passado.

Esse projeto de lei é uma versão simplificada do projeto original do governo, que apresentava cerca de 660 artigos e enfrentou forte oposição no Congresso, onde Milei tem pouco apoio.

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