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Chinês é eleito diretor geral da FAO e substitui brasileiro

Qu prometeu ações concretas para combater a fome no mundo, e assinalou que se deve "reformar e transformar" esta agência da ONU

A FAO é uma instância de debate e direção das políticas alimentares mundiais da qual participam representantes de governos, mas com a presença importante de agrônomos e cientistas (Pascvii/Pixabay/Reprodução)

A FAO é uma instância de debate e direção das políticas alimentares mundiais da qual participam representantes de governos, mas com a presença importante de agrônomos e cientistas (Pascvii/Pixabay/Reprodução)

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AFP

Publicado em 23 de junho de 2019 às 14h32.

O chinês Qu Dongyyu foi eleito neste domingo diretor geral da Agência da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO), confirmando o interesse da China em temas alimentares e em cargos de alta responsabilidade em instâncias internacionais.

Qu, 55, biólogo e vice-ministro da Agricultura em seu país, é o primeiro chinês neste cargo, em que substitui o brasileiro José Graziano da Silva após dois mandatos.

O novo diretor geral obteve 108 votos, a candidata francesa Catherine Geslain-Lanéelle, 71, e o terceiro candidato, o georgiano Davit Kirvalidze, apenas 12 votos.

Há mais de 40 anos, desde que o holandês Addeke Hendrik Boerma ocupou o cargo de diretor geral, entre 1968 e 1975, não havia um europeu à frente da organização. "É uma data histórica, um novo trampolim para a agricultura", declarou o diretor eleito, prometendo "fazer de tudo para ser imparcial e neutro".

Qu também prometeu ações concretas para combater a fome no mundo, e assinalou que se deve "reformar e transformar" esta agência da ONU, para "fazer uma nova FAO, mais jovem e dinâmica".

O mandato do novo dirigente chinês à frente da instituição multilateral irá durar quatro anos, de 1º de agosto de 2019 a 31 de julho de 2023.

Um grande desafio humano

Esta eleição é fundamental porque o novo diretor geral da FAO terá que enfrentar um dos maiores desafios da humanidade, o aumento da fome no mundo devido ao efeito combinado do aquecimento global e dos conflitos, especialmente na África e no Oriente Médio.

Durante um discurso feito ontem, Qu propôs associar mais o setor privado, para atrair recursos financeiros e desenvolver os setores agroalimentares, principalmente dos países em desenvolvimento.

Qu citou ontem como possível sócia da FAO a fundação americana Bill e Melinda Gates, fundada pelo antigo presidente da Microsoft, e também o gigante chinês do varejo Alibaba.

A FAO é uma instância de debate e direção das políticas alimentares mundiais da qual participam representantes de governos, mas com a presença importante de agrônomos e cientistas. Sob a direção do brasileiro Graziano da Silva, a FAO esboçou uma política favorável aos métodos agroecológicos.

A influência chinesa

"A China concede tradicionalmente uma grande importância aos temas econômicos e sociais e aos temas de desenvolvimento na ONU. A FAO é muito atraente para aquele país", disse Manuel Lafont Rapnouil, analista no Conselho Europeu de Relações Internacionais (ECFR), antes da votação.

"À China interessa aumentar a presença de seus cidadãos nas instâncias da ONU, em particular em cargos do alto escalão", assinalou o analista. "Por isso, o país é muito atuante nas eleições para a direção de agências, fundos e programas."

Cidadãos chineses já dirigem a OACI (aviação civil internacional), Onudi (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial) e UIT (Organização Internacional de Telecomunicações).

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