Mundo

China vai restringir exportação de metais cruciais para chips e carros elétricos

Pequim impôs controle sobre as vendas de gálio e germânio, numa escalada da guerra tecnológica contra os EUA

A China está numa corrida tecnológica para obter supremacia em áreas que vão desde a computação quântica até a inteligência artificial e a fabricação de chips (mailsonpignata / 500px/Getty Images)

A China está numa corrida tecnológica para obter supremacia em áreas que vão desde a computação quântica até a inteligência artificial e a fabricação de chips (mailsonpignata / 500px/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 3 de julho de 2023 às 17h48.

Última atualização em 3 de julho de 2023 às 19h31.

A China vai restringir a exportação de dois metais que são cruciais para a fabricação de chips, equipamentos de telecomunicações e carros elétricos, numa escalada de sua guerra tecnológica com os Estados Unidos.

A partir de 1º de agosto, as vendas de gálio e germânio, juntamente com seus compostos químicos, deverão se submeter a controles de exportação que são destinados a proteger a “segurança nacional chinesa”, informou o Ministério do Comércio da China em comunicado divulgado nesta segunda-feira.

Exportadores dos dois metais precisarão solicitar licenças do ministério se quiserem iniciar ou continuar a vendê-los para fora do país, e serão obrigados a relatar detalhes sobe os compradores no exterior e suas encomendas, afirmou o comunicado.

A corrida tecnológica da China

A China está numa corrida tecnológica para obter supremacia em áreas que vão desde a computação quântica até a inteligência artificial e a fabricação de chips. Os EUA, por sua vez, adotaram medidas cada vez mais agressivas para tentar impedir o avanço chinês e têm buscado apoio de aliados na Europa e na Ásia para essas iniciativas.

Ao mesmo tempo, diferentes países e indústrias tentam reduzir sua dependência das importações de produtos sensíveis desde que a pandemia de covid e a guerra na Ucrânia provocaram uma ruptura nas cadeias globais de fornecimento.

O impacto da decisão chinesa vai depender “do estoque de equipamentos disponíveis", avalia Roger Entner, analista da Recon Analytics LLC: "É mais uma demonstração de força. Mas, se isso se arrastar, os preços subirão".

A China é o principal produtor mundial de ambos os metais, que têm aplicações na fabricação de veículos elétricos, na indústria de defesa e em displays.

Gálio e germânio

O gálio e o germânio são usados na fabricação de vários semicondutores compostos, que combinam vários elementos para melhorar a velocidade de transmissão e a eficiência de equipamentos. A China responde por cerca de 94% da produção mundial de gálio, segundo o Centro de Inteligência sobre Minerais Críticos do Reino Unido.

No entanto, os metais não são particularmente raros ou difíceis de encontrar, embora a China os mantenha baratos e sua extração possa ser relativamente cara em outros países.

Ambos os metais são subprodutos do processamento de outras commodities, como carvão e bauxita, base para a produção de alumínio.

Outros países que produzem gálio incluem Japão, Coreia do Sul, Rússia e Ucrânia, de acordo com o CRU Group, provedor de inteligência da indústria de metais. O germânio também é produzido no Canadá, Bélgica, Estados Unidos e Rússia.

China vs. EUA

A decisão da China ocorre após os Estados Unidos e seus aliados intensificarem a retórica contra o país nas últimas semanas. O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, planeja bloquear a venda de alguns chips usados em programas de inteligência artificial, disseram pessoas familiarizadas com o assunto na semana passada.

O governo chinês proibiu anteriormente, este ano, os produtos da fabricante de chips americana Micron Technology em alguns de seus setores críticos, após afirmar ter encontrado riscos "relativamente sérios" em uma revisão de segurança cibernética.

O governo holandês anunciou na sexta-feira medidas que impedirão a ASML Holding NV — uma empresa com quase monopólio das máquinas necessárias para fabricar os semicondutores mais avançados — de vender algumas de suas máquinas para a China.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru