Ação: consumo global de carne deverá crescer 76% até 2050, aumentando a pressão sobre o meio ambiente. (Reprodução/ Vimeo)
Vanessa Barbosa
Publicado em 23 de junho de 2016 às 18h35.
São Paulo - O governo chinês lançou nesta semana uma campanha para incentivar as pessoas a cortar pela metade o consumo de carne.
Em três décadas, o consumo de proteína animal na China aumentou seis vezes, associado ao boom econômico do país.
Hoje, o gigante asiático é responsável por 28% do consumo de carne bovina e produtos lácteos e metade da carne de porco do mundo. As novas diretrizes alimentares da China representam uma grande ruptura com as tendências de alimentação em todo o mundo.
A campanha conta com o apoio de um filmete com participação do diretor James Cameron, do ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger e da atriz mais famosa da China, Li Bingbing. Veja abaixo:
Less Meat, Less Heat: Behind the Scenes with James Cameron & Arnold Schwarzenegger from WildAid on Vimeo.
No vídeo, Cameron diz que ele, como ativista ambiental, precisa questinar o hábitos à mesa e o astro Schwarzenegger revela que, com a idade, seus médicos recomendaram que ele reduzisse o consumo de carne e derivados para melhorar sua saúde de forma geral e que se sente "fantástico" desde que seguiu o conselho.
As diretrizes de redução no consumo de carne, anunciadas pelo Ministério da Saúde da República Popular da China, destinam-se a melhorar a saúde pública, e também a ter um impacto significativo sobre o clima.
O consumo excessivo de produtos de origem animal, como carnes processadas, está associado à obesidade e um aumento do risco de contrair doenças cardíacas e diabetes tipo 2.
Segundo ambientalistas, se seguida, a orientação geraria efeitos positivos para o meio ambiente. A pecuária representa quase 15% do total das emissões dos gases causadores do aquecimento global.
Se forem seguidas, as emissões de gases efeito estufa do país podem cair significativamente: 6% das emissões nacionais, ou 1,5% das emissões globais.
Recentemente, dois estudos - um do thinkthank britânico Chatham House e outro publicado na PNAS, a publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos - sugeriram que o nível atual de consumo de carne não é sustentável devido ao seu enorme impacto sobre a saúde da sociedade e do meio ambiente.
No mês passado, o Conselho de Ética da Dinamarca recomendou ao governo a criação de um imposto sobre o consumo da carne devido a sua grande pegada de carbono. Segundo o grupo, sem diminuir o consumo de carne, seria impossível atingir a meta do acordo climático de Paris, que busca limitar em 2ºC o aumento da temperatura global até 2100, a fim de se evitar os piores efeitos das mundanças climáticas.