Xi Jinping, presidente da China, durante passeio nos Pirineus, na França (Aurelien Morissard/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 9 de abril de 2025 às 06h01.
Última atualização em 9 de abril de 2025 às 13h57.
Além de aumentar tarifas de importação, a China tem outras ferramentas para retaliar os Estados Unidos e ampliar a guerra comercial entre os dois países. Entre as medidas, estão desvalorizar o yuan, restringir a atuação de empresas americanas e o acesso a itens estratégicos, como as chamadas terras raras.
Nesta quarta-feira, 9, a China passou a ser taxada em 104% pelos Estados Unidos. O presidente Donald Trump havia determinado inicialmente uma tarifa de 20% ao país. Em 2 de abril, ele determinou 34% adicionais. A China retaliou, com taxa de 34% sobre produtos americanos. Em seguida, Trump aumentou a cobrança em mais 50% adicionais, o que atinge 104%.
Assim, um produto chinês que custe US$ 100 terá de pagar US$ 104 em impostos de importação, por exemplo.
Nesta quarta, 9, a China anunciou que vai impor tarifas adicionais de 84% sobre os produtos importados dos Estados Unidos em resposta à tarifa extra de 50% imposta pelo presidente Donald Trump.
“O impacto vai ser uma redução muito significativa das exportações da China para os Estados Unidos”, afirma Claudia Trevisan, diretora-executiva do Conselho Empresarial Brasil-China.
Trevisan pondera, no entanto, que o fato de a China atualmente vender mais produtos aos EUA do que comprar dele reduz seu poder de retaliar ao implantar tarifas. Em 2024, os chineses exportaram US$ 438 bilhões aos americanos, mas compraram apenas US$ 143 bilhões.
Assim, a China pode agir de forma mais efetiva em outras frentes, como:
O governo chinês já sinalizou que fará medidas nesse sentido. “A China tem 90% da capacidade de refino dessas terras raras, e as colocou em um regime de controle de importação”, diz Trevisan. As chamadas terras raras são minerais usados em equipamentos de alta tecnologia, como baterias de carros elétricos e chips.
A diretora avalia que uma desvalorização forte do yuan é improvável. “Ela deixaria os produtos chineses mais baratos, mas pode gerar fuga de capitais e a liderança chinesa está querendo manter a moeda relativamente estável", diz.