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Da Redação
Publicado em 10 de março de 2011 às 19h23.
Uma dificuldade antes inconcebível está atingindo a economia chinesa. Segundo o jornal americano The New York Times, a nação mais populosa do mundo, com uma reserva supostamente ilimitada de força de trabalho formada por migrantes do interior do país, está às voltas com um déficit de mão-de-obra. Nas províncias de Guangdong e Fujian, justamente o núcleo produtivo da economia direcionada à exportação, falta gente para ocupar 2 milhões de vagas.
Com isso, os jovens trabalhadores agora cortejados pelas fábricas estão acumulando poder de barganha. "Muitos estão optando abandonar a baixa remuneração e as condições freqüentemente miseráveis em Guangdong", diz The New York Times, e mudando para as proximidades de Xangai, onde são pagos melhores salários, ou para cidades do interior em acelerado crescimento.
Na raiz do fenômeno está o sucesso da política de controle da natalidade, com duas décadas de rígido planejamento familiar ordenado pelo Estado que levaram a China a tornar-se um dos países que envelhece mais rápido em todo o mundo.
O reflexo no mercado de trabalho começou há um ano, mas ficou evidente em março, período em que se intensificam as contratações. Segundo analistas, no longo prazo as pressões salariais decorrentes da escassez de trabalhadores pode acabar minando a posição da China como a base industrial de mais baixos custos do mundo.
"Isso é uma oportunidade para Vietnã, Índia e Camboja", diz Jonathan Anderson, economista-chefe do Banco UBS para a região Ásia-Pacífico. Em sua avaliação, o encarecimento do trabalho assalariado chinês quebra o virtual monopólio na atração de fluxos internacionais de investimento.